O ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o físico Ricardo Galvão, disse nesta quarta-feira (15) que o desmatamento na Amazônia é motivado por grilagem. Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, Galvão comentou a situação da floresta, que vem sofrendo danos crescentes, conforme os últimos levantamentos divulgados pelo Inpe.
— A Amazônia tem que ser desenvolvida de uma forma sustentável, explorando fortemente a sua biodiversidade. A Amazônia tem um potencial de exploração da sua biodiversidade enorme. Então porque permitir que se desmate para colocar uma cabeça de gado por hectare? Vocês que são do Sul sabem que é quase inviável. Então, isso acontece para grilagem de terras, tomar posse dessas regiões — aponta.
Galvão foi exonerado do cargo no Inpe em agosto passado, após críticas do governo Jair Bolsonaro a dados "sensacionalistas" do desmatamento na Amazônia. Ele disse que a solução para a Amazônia vai além de coibir o desmate.
— A solução para a Amazônia, e nisso o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, tem falado corretamente, não basta coibir o desmatamento, temos que ter soluções que sejam economicamente viáveis para quem vive lá — destaca.
Quando questionado sobre as queimadas em outros governos, Ricardo Galvão avaliou que o que distingue o atual dos antecessores é a inexistência de resposta e de formas para coibir práticas de exploração ilegal da Amazônia.
— No governo Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2003) houve o primeiro pico de desmatamento na Amazônia. O Fernando Henrique reagiu criando muito mais áreas de preservação e reservas indígenas. Com essa ação, o desmatamento caiu substancialmente — relembra.
— Com a entrada do governo do Lula, houve um pico enorme de desmatamento. Nessa ocasião, a ministra do Meio Ambiente era a Marina Silva. Ela agiu rapidamente e solicitou ao Inpe que criasse um sistema de alerta. O Inpe dava ao final do ano um relatório da área desmatada, mas não havia um sistema de alerta. De 2004 a 2012, com a criação do alerta, o desmatamento decresceu em 80%. O Brasil foi elogiadíssimo no mundo todo — descreve.
Ouça a entrevista com Ricardo Galvão na íntegra e confira a análise completa do ex-presidente do Inpe: