Estudos técnicos realizados pela Petrobras que confirmam que o óleo que contamina o litoral do Nordeste tem origem na Venezuela. Segundo o diretor de Assuntos Corporativos da petroleira, Eberaldo Neto, a borra de petróleo vem de três campos específicos de exploração, todos localizados no país vizinho.
Em entrevista coletiva para a imprensa, integrantes da companhia explicaram que o estudo comparou a composição química do material recolhido nas praias com mais de 30 amostras de petróleo do mundo inteiro, a fim de identificar o "DNA" da substância. O resultado foi que a origem do óleo é venezuelana.
Isso não significa, porém, que a Venezuela tenha responsabilidade direta sobre o derramamento do óleo. Mesmo sendo venezuelano, o material pode ter sido embarcado em um navio de outra nacionalidade ou mesmo "fantasma", ou seja, que não possui registro e, portanto, não pode ser identificado pelos sistemas de monitoramento.
O vazamento teria ocorrido no Oceano Atlântico, em uma região no caminho de uma corrente marinha que vem da África e se bifurca, seguindo para a costa setentrional do Nordeste, de um lado, e para a Bahia e o Sudeste, do outro, passando pelos locais onde o óleo tem sido recolhido.
— A gente sabe que foi em um ponto desse de bifurcação que foi a origem do vazamento. Provavelmente, um navio passando ali. As autoridades estão investigando — afirma Neto.
O diretor de Assuntos Corporativos da petroleira destacou que o fato de o petróleo afundar e seguir para o litoral em uma camada abaixo da superfície do mar dificulta a visualização dele com sobrevoos e satélites e também a contenção dele com barreiras.
— A gente tem um centro de defesa ambiental preparado para isso, mas preparado para um óleo da Petrobras, que vaza de instalação da Petrobras, e a gente localiza a fonte e ataca com os instrumentos mais adequados — explica Neto.
De acordo com o diretor, o fato de o óleo submergir quase que inviabiliza a contenção dele antes de chegar ao litoral.
— Fica praticamente impossível pegar a montante esse óleo e segurar com barreiras e outros instrumentos que a gente tem. O mecanismo de captura tem sido quando a maré e a corrente jogam para a praia. Infelizmente, tem sido esse o jeito, porque, com os mecanismos que a gente detém, é agulha no palheiro para a gente pegar pelas características do óleo.
O diretor da estatal afirmou que a Petrobras vai distribuir equipamentos de proteção individual em comunidades do Nordeste para que voluntários possam utilizar os equipamentos para se proteger de possíveis intoxicações no contato com a substância.