Foi multicolorido e multifacetado o protesto contra queimadas na Amazônia elaborado, em Porto Alegre, por organizações não governamentais (ONGs) de defesa do meio ambiente. Teve, é claro, muitos "verdes" defendendo a integridade das florestas, mas também teve branco vestido com cocar de índio, gente vestida de vaquinha protestando contra abate de animais, servidor público gritando contra o prefeito e contra o governador e muitas bandeiras de partidos políticos (toda a esquerda representada).
O ato público aconteceu a partir das 15h na Redenção e atraiu centenas de pessoas, possivelmente mais de mil. A tarde invernal, mesclando friozinho com sol, contribuiu para que o evento se transformasse em passeata multicolorida, que percorreu parte da Avenida João Pessoa e retornou ao parque.
Muitas famílias e crianças paravam para ver pessoas decoradas com arbustos, outras segurando grandes cartazes - "A Amazônia fica, Bolsonaro sai", dizia um dos mais amenos - e faixas de prestigiadas ONGs ambientais, como o Greenpeace e a veterana Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan).
O presidente da Agapan, biólogo Francisco Milanez, fez discursos e sintetizou a ideia do protesto. Ele disse que a política ambiental do governo não desagrada apenas os setores de esquerda ou que tradicionalmente abraçam a defesa do meio ambiente.
- É uma temeridade, um estímulo ao "pode tudo" no meio ambiente que vai destruir o agronegócio. Sim, os fazendeiros e plantadores, muitos dos quais apoiaram a eleição do Bolsonaro, não conseguirão mais vender seus produtos no Exterior, com essa prática literalmente incendiária. Eles sabem que queimar a Amazônia é desregular o sistema de chuvas, fundamental para a agricultura - pondera Milanez.
O jornalista Paulo de Tarso Riccordi, que também foi ao protesto, considera que os descompassos nas políticas de governo têm servido para aglutinar esquerda e liberais, velhos e jovens em torno de bandeiras que a sua geração carregou, como a defesa de boas práticas no meio ambiente.
No ambiente eclético da Redenção, o ato público também serviu para protestos contra a nova matriz de mineração de carvão que está sendo planejada para a Grande Porto Alegre e contra atrasos no pagamento de salários por parte do governo estadual.