O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta segunda-feira (5) em Sobradinho (BA) que "maus brasileiros" divulgaram "números mentirosos" sobre o desmatamento na floresta Amazônica.
— A Amazônia tem um potencial incalculável. Por isso, o mundo está de olho nela. Por isso, alguns maus brasileiros ousam fazer campanha com números mentirosos contra a nossa Amazônia — afirmou o presidente.
A declaração foi dada dias depois do anúncio da exoneração diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Ricardo Galvão, por determinação do próprio presidente. A demissão ocorreu após a divulgação de dados sobre o aumento do desmatamento da Amazônia neste ano.
O presidente classificou como irresponsável a divulgação dos dados pelo então presidente do Inpe, disse lamentar o fato de Ricardo Galvão ter um mandato, mas afirmou que está buscando uma maneira de substituí-lo.
Segundo o presidente, caberia a Ricardo Galvão, antes da divulgação dos dados, procurar o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, que o procuraria "dada a gravidade do assunto".
— Iríamos conversar os três, e o que eu exigiria de imediato: cheque os dados. Certifique-se da veracidade dos números, porque os números não mentem. A partir do momento que, esses números, de forma irresponsável vazam, o Brasil tem um prejuízo enorme junto a outros países — afirmou.
Possíveis substitutos de Ricardo Galvão
O presidente disse que não quer vetar, nem censurar, qualquer divulgação de números sobre desmatamento. Mas afirmou que os dados devem ser divulgados apenas quando se há certeza sobre eles.
O presidente também colocou em xeque a veracidade dos dados. Segundo Bolsonaro, o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles afirmou que o Inpe computou áreas sobrepostas ao medir o desmatamento.
— A suspeita, o alerta de desmatamento, ao contrário daqueles que falaram há poucos dias, pode não ser verdadeira — falou Bolsonaro.
Ele citou como exemplo hipotético um fazendeiro na Amazônia que porventura tenha voltado a desmatar uma área em que legalmente ele poderia suprimir a vegetação e os dados tenham sido computados como novos desmatamentos.
— Isso é péssimo para nós. Nós temos um acordo enorme com o Mercosul e começam já ruídos (de informação). Isso traz um prejuízo enorme para o Brasil. Não temos medo da verdade, mas não posso admitir irresponsabilidade na divulgação de certos números por parte de funcionários — disse.
O presidente não quis adiantar nomes de possíveis substitutos de Ricardo Galvão. Afirmou que os seus ministros tem liberdade para nomear seus subordinados, mas que ele, como presidente, tem poder de veto. Bolsonaro foi à Bahia para inaugurar a primeira etapa da Usina Solar Flutuante, erguida pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) em Sobradinho.
Orçado em R$ 55 milhões, a usina possui 3.792 painéis solares e potência instalada de um megawatt pico. O projeto foi licitado na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e iniciado no governo Michel Temer (MDB).
A visita acontece dias depois de Bolsonaro dar o sinal verde para que o governo federal inicie o processo de capitalização da Eletrobras que levará à saída da União do controle da empresa. A Chesf é uma das subsidiárias da Eletrobras. Fundada em 1948, é responsável pela gestão de 12 usinas hidroelétricas no Nordeste.