A bordo do barco Zilda III, quatro pesquisadores partem do Rio Guaíba, em Porto Alegre, para uma viagem de três dias ao ponto mais fundo da Lagoa dos Patos, no Parque Estadual de Itapuã, em Viamão. O objetivo não é lazer, mas a curiosidade científica: a área territorial já havia sido mapeada, mas ainda faltava a exploração pela água.
— Nós temos o mapa da terra, mas do fundo da Lagoa dos Patos a gente não tem. Sabemos que os primeiros descobridores aqui começaram em 1512. Temos aqui uma lagoa histórica e grande, um pouco desconhecida na nossa cultura — diz Edison Hütner, professor e pesquisador da PUCRS.
Por encontrar-se com o mar, destacam os cientistas, a Lagoa dos Patos é, na verdade, uma laguna. Com mais de 10 mil quilômetros quadrados, 265 quilômetros de extensão entre Capivari do Sul e Rio Grande e profundidade média de três metros, ela é a maior laguna da América do Sul.
Após deixar a poluição e a paisagem urbana para trás em Porto Alegre, o time chega ao ponto mais fundo da Lagoa dos Patos – oito metros de profundidade –, localizado em Ponta das Desertas, no Parque Estadual do Itapuã, unidade de conservação ambiental em Viamão. Lá fica uma das últimas áreas com a vegetação nativa da Região Metropolitana do Estado.
O barco enfim estaciona para os pesquisadores jogarem na água uma sonda, destinada a produzir imagens aquáticas. Encontrar o ponto mais profundo exigiu grandes esforços – foi necessário analisar várias pesquisas acadêmicas da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e cartas da Marinha do Brasil.
— Embora pareça uma missão simples, foi uma preparação de dois anos — destaca o coronel da reserva da Brigada Miliar, Sérgio Pastl, parte da equipe.
A caixa disposta na Lagoa dos Patos servirá, a partir de agora, como marco para novas pesquisas sobre o local e sobre a cultura jesuítico-guarani no Estado.