Depois de uma série de acidentes que aconteceram na porta da casa da família Closs, em Santa Maria do Herval, circular e até mesmo sentar para um descanso no pátio da residência passou a ser evitado. Nos últimos anos, a neta do casal de idosos que mora no local chegou até a montar um dossiê com reportagens comprovando que o ponto era perigoso, principalmente para os caminhoneiros. Nesta quarta-feira, mais um acidente ocorreu e, desta vez, um caminhão invadiu o pátio e a carga de cebolas foi parar dentro da residência.
— É uma descida, quem não conhece a estrada acaba se perdendo. Infelizmente, nós acompanhamos muitos acidentes, alguns com morte — conta Muriel Closs Boeff, 27 anos, neta do casal.
Habituado a ler o jornal logo cedo, o dono da residência, Gilberto Closs, 74 anos, havia passado pelo pátio para pegar o periódico instantes antes do acidente. Sua esposa, Alicie Lindemann Closs, 73 anos, também havia saído do quarto há pouco tempo para preparar o chimarrão. Quando ambos estavam acomodados na garagem, ouviram o estouro. Um caminhão que carregava cebolas colidiu no muro de pedras da casa, espalhando a carga pelo pátio e até no quarto e na garagem, além de provocar danos estruturais.
— Temos medo de ficar aqui. Minha vó ficou muito assustada, teve uma crise de ansiedade, levamos ela para ser atendida — conta Muriel.
O quarto onde os idosos dormem ficou coberto pela carga de cebolas e a parede do cômodo terá de ser toda reformada por conta das rachaduras provocadas pelo impacto. Uma sacada de vidro também ficou estilhaçada, além do carro de Gilberto, que ficou amassado.
O muro de pedras que conteve o impacto foi construído em 2017, justamente pelo histórico de acidentes do local. A época, a prefeitura de Santa Maria do Herval, na serra gaúcha, ofereceu o material por conta do dossiê que Muriel entregou relatando a periculosidade da região.
Apesar de o acidente desta quarta-feira (11) só ter envolvido danos materiais, 12 pessoas ficaram feridas, nenhuma em estado grave. Infelizmente em acontecimentos anteriores, nem todos tiveram a mesma sorte.
— Fora seis mortes aqui. Pessoas que ficaram gravemente feridas, um jovem que amputou parte da perna — conta a neta, que teme pela vida dos avós.
Em 2018, a prefeitura chegou a instalar tachões na via, mas a família ainda aguarda uma opção mais efetiva. Após o acidente, um engenheiro do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) foi até o local para avaliar a situação. Agora, a família espera que novas medidas sejam tomadas.
Durante a tarde, a família se dedicou em realizar a limpeza da casa, que ficou coberta de cacos de vidros, além de pilhas de cebolas.