Interditada desde julho de 1991, a Ponte Hercílio Luz voltará a ligar o continente e a ilha de Florianópolis nesta segunda-feira (30) após o projeto de revitalização, que durou 14 anos. Com a presença do governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, o evento de reabertura inicia às 10h, com desfile de carros e motos antigos às 11h e a liberação para o fluxo de pedestres.
Estão previstas diversas apresentações musicais, folclóricas e gastronômicas até as 20h. A programação cultural se estende até o dia 5 de janeiro e pode ser conferida no site. A liberação para fluxo de carros será gradativa, inicialmente testada com veículos de turismo e táxis.
A estrutura da Velha Senhora, como é chamada pelos moradores, foi aberta em 1926 e passou por uma reforma estrutural com a substituição de cerca de 60% da ferragem original. A obra custou cerca de R$ 566,3 milhões (R$ 1,2 bilhão em valores corrigidos pela inflação). Uma das principais intervenções foi a substituição das barras de olhal, estruturas-símbolo da ponte que diminuem a deflexão do vão central e aumentam a rigidez da construção.
História
A ponte Hercílio Luz nasceu por pressões políticas. O isolamento de Florianópolis, até então acessível somente por barcos e balsas, gerava movimentos de mudança da capital para Lages, na serra catarinense.
As dificuldades cresciam com o aumento do transporte de mercadorias e de trânsito dos então 40 mil habitantes da ilha (atualmente, são quase 478 mil), e o então governador Hercílio Luz, engenheiro, deu início à construção em 1922. As peças de aço foram todas importadas dos Estados Unidos, e a estrutura foi inicialmente chamada de Ponte da Independência.
Luz não conseguiu, porém, ver o projeto finalizado. Com câncer de estômago, ele participou de uma cerimônia simbólica de inauguração da obra, 12 dias antes de morrer, em 1924. A abertura oficial viria só dois anos mais tarde, com o nome que homenageia seu idealizador.
Nos anos 1980, quando absorvia 44% do tráfego de Florianópolis, a ponte foi interditada devido à deterioração de suas barras. Outro acesso, aberto sete anos antes, passou a ser a única ligação entre a ilha e o continente. Em 1992, a má conservação fez com que a ponte fosse fechada para veículos pesados, e, nove anos depois, também para pedestres e veículos pequenos.
Só a partir de 2006 a reabilitação da ponte começou a sair do papel. Mas os sucessivos atrasos do contrato com o Consórcio Florianópolis Monumento levou o governo a rompê-lo unilateralmente em 2014. A obra então foi dividida em diversas etapas para ser concluída, e os investimentos na última fase chegaram a R$ 375 milhões, segundo o governo.
A situação gerou a maior CPI da história de Santa Catarina, cujo relatório, produzido após oito meses de investigações, cita 26 nomes de empresas, gestores, funcionários públicos e políticos, como o ex-governador Raimundo Colombo (PSD), que afirma que seu nome foi envolvido por motivação política.
Entre outras coisas, a investigação indicou falta de planejamento e de fiscalização da atuação de empresas, que, por sua vez, não estariam preparadas para uma obra de tamanha complexidade. O relatório final indica que 67% do valor final atualizado foi comprometido.