A água dos oceanos da Terra pode ter origem espacial, no gelo dos cometas da família de Júpiter. É o que aponta um estudo da Agência Espacial Norte-americana (Nasa), publicado na revista Science Advances, que identificou similaridades na assinatura molecular do mar terrestre com o líquido encontrado no cometa 67P/Churyumov–Gerasimenk.
A pesquisa do Centro de Voo Espacial Goddard é baseada na análise da quantidade de deutério (D), um raro tipo de isótopo, e hidrogênio (H) presentes nas moléculas de água do cometa 67P e da Terra.
A assinatura molecular do cometa apresentou proporção de deutério para hidrogênio próxima ao nível habitual dos oceanos terrestres, o que poderia indicar que os astros auxiliaram no transporte de água para o nosso planeta há milhões ou bilhões de anos, a partir do derretimento de gelo dos cometas, conforme o estudo assinado pela cientista planetária Kathleen Mandt.
Os pesquisadores também identificaram que a poeira presente nas rochas afeta as medições dos compostos presentes em sua composição e atrapalha a interpretação dos dados.
"À medida que um cometa se move em sua órbita mais perto do Sol, sua superfície se aquece, fazendo com que gás seja liberado da superfície, incluindo poeira com pedaços de gelo de água. Água com deutério gruda em grãos de poeira mais prontamente do que água comum. Quando o gelo nesses grãos de poeira é liberado na coma ("cauda"), esse efeito pode fazer com que o cometa pareça ter mais deutério do que realmente tem", destaca nota divulgada pela Nasa.
A origem da água dos oceanos é uma dúvida que ainda não foi totalmente esclarecida pela ciência. Devido à poeira, pesquisadores haviam refutado a hipótese anteriormente após analisarem dados obtidos em 2014, em que constaram proporções de deutério acima do que realmente estaria correto, conforme o novo estudo.
Desde a sua materialização há 4,6 bilhões de anos, a água sempre foi fundamental para a existência de vida na Terra. Estudos indicam que a poeira e o gás que formaram o planeta eram ricos em moléculas de H2O, porém, boa parte evaporou durante sua formação próxima do Sol.
Com a nova descoberta, a Nasa afirma que é "uma grande oportunidade de revistar observações passadas" e preparar o futuro.