As cidades norte-americanas localizadas na trajetória do eclipse solar total, que acontecerá nesta segunda-feira (8), estão se preparando para o maior evento astronômico do ano. São esperados milhões de visitantes para observar o fenômeno. Perto da fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá, em Burlington, no Estado de Vermont, o ápice do eclipse é esperado pouco antes das 16h30min, no horário de Brasília, e muitos hotéis estão com ocupação máxima há meses.
Já em Waco, no Texas, a Universidade Baylor está organizando um festival para acompanhar o eclipse solar total. Barbara Castanheira Endl, astrônoma formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professora da universidade estadunidense, conta que o evento contará com palestras sobre pesquisas da instituição que podem ser relacionadas com o fenômeno astronômico, telescópios para observação e atividades para as crianças.
— As escolas da região cancelaram as aulas na segunda-feira, por causa do eclipse. As pessoas estão muito empolgadas para ver o fenômeno. Os supermercados estão vendendo camisetas temáticas e na feirinha dos produtores locais estão fazendo bijuterias e pinturas com desenhos de eclipse. A comunidade toda sabe que vai acontecer e quer presenciar — conta.
Segundo o astrônomo fundador do Observatório Astronômico Rei do Universo (Oaru), em Manaus, Geovandro Nobre, o último eclipse total sobre os Estados Unidos foi em 21 de agosto de 2017. Na época, Barbara, que mora no exterior desde 2009, viajou para o Idaho, no norte dos Estados Unidos, para observar o fenômeno.
— Fui para lá só para ver o eclipse. É uma experiência única, foi muito marcante para mim. Neste ano, tenho amigos que estão vindo da Europa só para ver esse fenômeno — lembra a professora, que está empolgada para vivenciar o momento mais uma vez.
Estima-se que 32 milhões de pessoas vivam no chamado caminho da totalidade, área de aproximadamente 185 quilômetros na qual a Lua bloqueará completamente o Sol, e mais 150 milhões residem em um raio de 320 km da faixa do eclipse, segundo a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa). Algumas cidades poderão duplicar a população durante o dia do evento. O caminho começa no oeste do México, passa pelas cidades estadunidenses de Dallas, Indianapolis e Buffalo e termina no leste do Canadá.
— Os eclipses solares totais são eventos astronômicos relativamente raros, se considerarmos todo o planeta, ocorrendo em média uma vez a cada 18 meses. Mas são extremamente raros em relação a uma mesma região da Terra, visto que requerem uma combinação precisa de alinhamento entre o Sol, a Terra e a Lua — explica Nobre.
No Brasil não será possível ver nada desse eclipse. Na América do Sul, apenas a porção mais ao norte da Colômbia conseguirá ver uma pequena parte do Sol sendo encoberta pela Lua. De acordo com Nobre, o próximo eclipse total sobre uma região densamente povoada será somente em 2027, sobre o norte da África.
Como ver o eclipse solar total
O fenômeno poderá ser visto integralmente por quem estiver na América do Norte. Já na Europa, a visualização será parcial.
Entretanto, a Nasa vai transmitir o eclipse via redes sociais e canais oficiais. O Observatório Nacional, órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), também anunciou a retransmissão do fenômeno em seu canal no YouTube.
*Produção: Yasmim Girardi