Na última década, a comunidade científica tem ampliado os debates sobre assuntos relacionados à Lua. Essas discussões, têm sido motivadas, e fortalecidas, sobretudo, pela missão Artemis, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), que pretende levar em 2025 uma tripulação, incluindo a primeira mulher, até o satélite natural.
Além da Nasa, outras instituições astronômicas ligadas a países como Índia, Rússia e Japão planejam missões de exploração em solo lunar para serem realizadas ainda neste ano. Por conta disso, pesquisadores de diferentes nacionalidades têm colocado em debate a necessidade da criação de um fuso horário na Lua.
A Agência Espacial Europeia (ESA), que reúne 22 países, já se mostrou favorável a criação de um fuso horário no satélite natural. O principal argumento é de que isso tornará o trabalho conjunto das agências espaciais mais fácil e também auxiliará na orientação e exploração mais precisas na superfície lunar.
Como diferentes países planejam ocupar a Lua nos próximos anos para realizar uma série de pesquisas e experimentos, a criação de um fuso horário lunar beneficiaria e estimularia os esforços conjuntos. Com informações da BBC.
Como funcionaria a criação do fuso horário lunar?
A ESA já declarou publicamente que para a ideia se concretizar uma única agência espacial teria que ser a responsável por estabelecer qual deveria ser o fuso horário na Lua e, a partir disso, as demais deveriam seguir o parâmetro estabelecido.
Outra questão que precisaria ser debatida é se o fuso horário lunar se basearia no fuso horário de algum país da Terra ou se haveria a criação de algum específico para o satélite natural.
Quais seriam os obstáculos para criar um fuso horário na Lua?
Se os cientistas optassem por criar um fuso horário específico para o satélite natural, a cronometragem do tempo na Lua poderia dificultar o processo, já que os relógios funcionariam um pouco mais rápidos na superfície lunar. Para efeitos de comparação, um dia (24h) em um relógio lunar teria 56 microssegundos a menos, se comparado ao que ocorreria na Terra.
Em parte, essa diferença de tempo tem relação com a gravidade da Lua (1,6 m/s²), que é bem menor do que a da Terra (9,8 m/s²).
Em entrevista à BBC, Bernhard Hufenbach, da ESA, falou que outro obstáculo para a concretização da ideia é que em algumas regiões da Lua um dia dura quase um mês terrestre e noites, extremamente geladas, duram cerca de duas semanas. Isso acontece devido a diferença no tempo de rotação da Lua (27,3 dias), se comparado ao da Terra (aproximadamente 23h56 minutos e 4 segundos).
Como é feita a medição de tempo na Lua nas atuais missões espaciais?
Atualmente, nas missões de curto prazo realizadas na Lua, os pesquisadores utilizam antenas de rádio com o intuito de tentar manter o equipamento sincronizado com o tempo na Terra.
Especialistas da ESA já relataram que o atual método não é muito eficaz a longo prazo porque além de o sinal poder ser perdido, ele chegará cada vez mais atrasado, devido à diferença de tempo com que as ondas sonoras chegariam até o receptor.