Quase dois meses após a liberação da rede 5G em Porto Alegre - que está em funcionamento desde 29 de julho - muitos já percebem mudanças na velocidade de conexão nos bairros onde a tecnologia chegou. Foi possível atestar na prática a teoria de que a capacidade máxima passaria de 1 Gbps (gigabit por segundo), no 4G, para 20 Gbps, no 5G.
GZH voltou a ouvir nesta terça-feira (20) dois moradores da Capital que haviam sido entrevistados no primeiro dia de experiência com a nova rede.
O professor da ESPM Roberto Uebel, que no primeiro dia do 5G na Capital enfrentou problemas com falta do sinal no bairro Santo Antônio, que estaria no mapa de cobertura da TIM, agora começa a sentir no bolso a mudança para a nova tecnologia no seu Iphone 12.
— Como é uma rede que carrega mais rápido os dados, há uma tendência de consumir mais dados. O meu plano controle da Tim foi muito rápido usando a conexão 5G — comentou.
Apesar disso, Roberto não sentiu maiores diferenças na vida prática. Para ele, o 5G impacta mais na questão da internet das coisas, na mobilidade urbana e nos carros autônomos, possibilidades ainda distantes do Brasil.
— O que percebi, de fato, é que a rede se expandiu nas últimas semanas. Num trajeto do meu trabalho, no bairro Santo Antônio, até o Centro, já consigo a cobertura completa. Percebi uma velocidade muito maior. Na vida de um usuário comum no smartphone ou no computador, não percebi uma diferença tão significativa. É mais rápido, é, mas a gente já tendo uma internet rápida em casa, o diferencial não se percebe. A revolução tecnológica do 5G virá com a implementação total da rede na Capital e nas outras cidades e adoção disso pelo sistema de transporte público, da cidade conectada e do sistema de monitoramento. Mas não será da noite para o dia - acredita Uebel.
Cliente da operadora Vivo, a moradora da Vila Ipiranga, na Zona Norte, onde o 5G ainda não chegou, Daiana Fagundes da Silva usa a nova tecnologia no celular Samsung M52 no trajeto para o trabalho. Daiana percebeu uma redução na velocidade do 5G no Centro Histórico, onde nos primeiros dias sentia que a conexão havia ficado mais veloz.
— Nos primeiros dias, o 5G funcionava muito bem nos bairros que já tinha chegado e eu passava. Depois de uns dias, não foi igual. Um lugar que notei que era muito bom e agora nem tanto (a velocidade está mais lenta) é o Centro Histórico, onde faço faculdade presencial nas quartas-feiras. No entanto no bairro que eu trabalho, no Menino Deus, funciona muito bem — relatou.
O 5G começou a aparecer para o publicitário Hostilio Bastos Ferreira Filho, 44 anos, que não participou da matéria feita anteriormente por GZH, assim que ele comprou um novo aparelho celular, um Moto G 5G, em agosto do ano passado. Ele imagina que a operadora Claro, de quem é cliente, já fazia testes com a nova rede.
Naquela época, viu que o 5G da Claro era de 160 Mega. Passado um ano, é de 222 Mega para downloads e 78 Mega para uploads. Algo muito superior aos 15 Mega do wi-fi do apartamento onde mora, na Cidade Baixa, um plano antigo da mesma operadora, de 15 Mega.
Hostilio acaba recorrendo ao celular toda vez que a internet de casa o deixa na mão.
— Quando minha conexão em casa não está legal para fazer reuniões em videochamada, eu acabo usando o celular. Com o 5G, tudo é mais rápido. É uma conexão mais estável— diz.
Confira, abaixo, o mapa que mostra onde o 5G foi liberado inicialmente, em julho, na Capital:
O que é o 5G?
O 5G é a quinta geração de rede de internet móvel. A expectativa é que ela seja mais veloz para downloads e uploads, tenha cobertura mais ampla e conexões mais estáveis do que o 4G. Essa conexão é diferente da disponível hoje em cidades brasileiras, chamada de 5G DSS.
Além disso, o 5G permitirá que mais aparelhos se conectem de forma simultânea à rede: é esperado que um milhão de dispositivos se conectem a cada quilômetro quadrado. Além da internet móvel, a tecnologia ampliará a conexão de novos mercados, como é o caso da indústria 4.0, agricultura de precisão e carros autônomos, por exemplo.
Em teoria, a rede 4G, que segue sendo utilizada em locais sem 5G ou em aparelhos que não são preparados para a nova tecnologia, é capaz de atingir a velocidade de 1 Gbps (gigabit por segundo), o que não ocorre no uso diário dos celulares. O 5G pode chegar a 20 Gbps, no melhor dos cenários da conexão, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).