Astrônomos da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) estão tentando identificar a causa da explosão da estrela vermelha supergigante Betelgeuse, que foi registrada pelo telescópio espacial Hubble em 2019. A partir dos dados, os pesquisadores concluíram que apesar do corpo celeste ter perdido parte considerável de sua massa e brilho com o evento astronômico, não há previsão para que exploda por completo. A análise foi publicada em 11 de agosto no site científico EurekAlert.
Na época, a explosão foi responsável por gerar uma gigantesca ejeção de massa superficial (SME) que nunca havia sido registrada antes. É comum que o Sol sofra explosões que liberam partes de sua atmosfera externa, chamada de coroa. Quando isso ocorre, recebe o nome de ejeção de massa coronal (CME). No entanto, o SME da Betelgeuse explodiu 400 bilhões de vezes mais massa do que um CME, o que tem intrigado os astrônomos.
Quando uma estrela supergigante sofre uma explosão dessa magnitude, a tendência é que em seguida ocorra outra explosão que marca o fim de sua vida. No entanto, no caso da Betelgeuse, o que se tem observado é uma recuperação lenta do corpo celeste e nenhum indício de que sofra novamente o impacto de outro fenômeno semelhante.
Segundo os pesquisadores, dados desse tipo são úteis para ajudar a entender como as estrelas supergigantes perdem massa nos momentos finais de sua existência até explodirem como supernovas. Andrea Dupree, do centro de astrofísica Harvard & Smithsonian em Cambridge, nos Estados Unidos, está reunindo informações sobre o comportamento da Betelgeuse antes e depois da explosão para buscar explicações sobre o comportamento do corpo celeste e sobre os motivos que fizeram com que o fenômeno atingisse tal magnitude.
A equipe envolvida no estudo acredita que a explosão tenha sido ocasionada por um aumento na temperatura interna da estrela. Isso teria produzido choques e pulsações que explodiram um pedaço da fotosfera do corpo celeste, deixando a estrela com uma grande área da superfície fria sob a nuvem de poeira produzida pelo pedaço resfriado da fotosfera.
O pedaço fraturado da fotosfera tinha a massa superior à Lua e acelerou para o espaço, formando uma nuvem de poeira que bloqueou a luz da estrela que era vista pelos astrônomos. Com isso, no final de 2019, foi percebido um escurecimento do corpo celeste que durou alguns meses. Entre meados de fevereiro até abril de 2020, o brilho diminuiu em 35%. A perda de luminosidade da Betelgeuse não é um fenômeno muito comum, já que ela é uma das estrelas mais brilhantes já identificadas.
O escurecimento da estrela afetou o monitoramento da variação do brilho e comportamento da Betelgeuse que os pesquisadores vinham realizando há quase 200 anos. Ainda não há previsão de quando esse estudo voltará a ser realizado.
Com relação à pesquisa de reavaliação da explosão, além dos dados do telescópio Hubble, estão sendo analisadas informações do observatório robótico STELLA, do Fred Lawrence Whipple Observatory, da missão de observação STEREO, e da Associação Americana de Variáveis Observadores Estelares (AAVSO). Os astrônomos acreditam que em breve o telescópio espacial James Webb possa ser útil nessa empreitada, uma vez que é capaz de detectar o material ejetado do corpo celeste porque capta a luz infravermelha.