Um grupo de pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, publicou na revista Nature, em 11 de julho, um estudo que aponta que há chance de 10% de um foguete descontrolado reentrar na atmosfera terrestre e atingir de forma fatal uma pessoa. As informações são do The Verge.
A estimativa presente na pesquisa considera que a indústria espacial mantenha o mesmo ritmo atual nos lançamentos de aeronaves. Para chegar ao percentual previsto, foram analisados dados disponibilizados de forma pública dos últimos 30 anos de práticas da indústria aeroespacial.
O estudo também apontou que, apesar de o índice de risco ser baixo, em algumas regiões, a probabilidade de os foguetes reentrarem na atmosfera pode aumentar. Com a análise dos dados, os pesquisadores descobriram que em Jacarta, na Indonésia; em Lagos, na Nigéria; e na Cidade do México, o risco é cerca de três vezes maior do que em cidades norte-americanas como Nova York e Washington.
Michael Byers, que liderou a pesquisa, explicou em comunicado que a probabilidade de colisão aumenta em cidades de alta densidade populacional localizadas a 30º de latitude norte. Para o pesquisador, as chances são maiores porque grande parte dos objetos espaciais que reentram na atmosfera vem de foguetes que lançam suas cargas em órbitas geossíncronas, que acompanham a linha do Equador.
Para Byers, os riscos poderiam ser menores se os governos exigissem mudanças e essas medidas fossem adotadas pelas indústrias espaciais. O professor ainda enfatizou que um dos caminhos é promover acordos internacionais, como o Protocolo de Montreal, que foi assinado por 46 países em 1987. O pacto visa promover a redução de emissões de substâncias nocivas à camada de ozônio e que contribuem com o efeito estufa.
Lixo espacial
A pesquisa aponta também para a necessidade de redução de lixo espacial e para os perigos apresentados quando objetos descartados reentram na atmosfera.
Para que os foguetes sejam impulsionados para o espaço, uma das técnicas é liberar o excesso de peso. Nesse processo, são descartados tanques de combustíveis vazios, estágios e partes dos foguetes e motores que não serão mais utilizados. Quando as aeronaves estão em órbita, o descarte de objetos continua, o que gera lixo espacial.
Depois que cumprem seu propósito, muitos foguetes são enviados de volta à Terra. Alguns são abandonados, se transformando em lixo. Para evitar essa situação, algumas empresas que trabalham com veículos espaciais, como a SpaceX, adotam a estratégia de reutilizar partes das aeronaves em outras missões. Um dos casos mais emblemáticos de reaproveitamento ocorreu com o foguete Falcon 9, lançado em maio deste ano e cujas partes foram reaproveitadas.