A sonda Insight, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), detectou em 4 de maio o maior abalo sísmico registrado em Marte e fora da Terra. O martemoto (equivalente ao terremoto na Terra) alcançou magnitude cinco. Antes desse recorde, a Nasa havia registrado os dois maiores martemotos no ano passado, com magnitudes de 4,2 (em agosto) e 4,1 (em setembro).
Thomaz Zurbuchen, administrador associado de ciência da Nasa, comemorou nas redes sociais o registro histórico obtido pela agência espacial. "A equipe e os parceiros da sonda Nasa InSight acabaram de receber dados preliminares de Marte sobre o que se acredita ser a maior atividade sísmica já registrada em outro planeta!", escreveu no Twitter.
O martemoto foi registrado no 1.222º dia marciano da missão. A sonda, que chegou ao solo de Marte em novembro de 2018, já detectou até o momento mais de 1.313 abalos sísmicos, o que significa mais de uma detecção por dia. Para registrar esses fenômenos, a Insight conta com um sismômetro altamente sensível, que foi desenvolvido pelo Centre National d'Études Spatiales (CNES) para estudar o interior do planeta vermelho. A tecnologia detecta as ondas sísmicas que passam ou refletem na crosta, manto e no núcleo do planeta, além de ser capaz de determinar a profundidade e a composição destas camadas.
Apesar da magnitude cinco ser mediana para os padrões de abalos sísmicos na Terra, quando o fenômeno acontece em outros planetas, o valor é considerado alto. Após essa fase de registro do martemoto, os pesquisadores da Nasa e da CNES irão analisar as informações para entender os detalhes do evento e obter informações sobre o interior do planeta vermelho. "Estimativa preliminar: evento de magnitude cinco. Devemos ser pacientes enquanto as equipes analisam os dados", publicou Zurbuchen nas redes sociais.
De acordo com os pesquisadores, os dados sobre o martemoto poderão ajudar a compreender a formação de estruturas rochosas, como as que estão presentes na própria Terra ou mesmo na Lua. Para Bruce Banerdt, líder da missão no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa, o evento fornecerá informações cruciais sobre o planeta.
— Os cientistas analisarão esses dados para aprender coisas novas sobre Marte nos próximos anos — adiantou Banerdt.
A missão principal da sonda havia sido concluída em 2020, mas a agência espacial decidiu prolongar as atividades. Atualmente, a Insight vem enfrentando problemas para captar energia solar o suficiente para continuar suas operações, além de sofrer com as tempestades de areia, que bloqueiam os painéis solares e, com isso, ocorre a diminuição dos níveis de energia. Apesar das dificuldades, a Nasa garante que a tecnologia conseguirá resistir até o fim desse ano.