Mark Zuckerberg, 37 anos, empresário responsável pela Meta, anunciou nas redes sociais nesta quarta-feira (23) que a companhia de tecnologia e mídia social está trabalhando em projetos e sistemas que envolvem a aplicação de inteligência artificial. O executivo apresentou alguns protótipos durante um evento virtual da empresa e informou que não há previsão para o lançamento dessas tecnologias.
Em uma demonstração pré-gravada, Zuckerberg apresentou um conceito de IA chamado Builder Bot. No vídeo, o empresário aparece como um avatar 3D em uma ilha e começa a solicitar comandos para que o sistema crie uma praia e adicione elementos, como nuvens, árvores e até uma toalha de piquenique. "Conforme nós avançamos com esta tecnologia, o usuário poderá criar mundos para explorar e compartilhar experiências com outros apenas com o uso da voz ", explicou o executivo.
De acordo com Mark, o metaverso — ideia desenvolvida pela ficção científica em que as pessoas se apropriam de mundos virtuais que podem ser acessados por usuários para trabalho, entretenimento e socialização — será o sucessor da internet móvel. "A chave para se conseguir muitos destes avanços é a inteligência artificial ", enfatizou Zuckerberg durante evento da companhia.
Segundo o executivo, a Meta está trabalhando com pesquisas em IA para oferecer um novo caminho para a socialização e o entretenimento, tornar mais natural a forma como as pessoas conversam com assistentes de voz e obter traduções de falas em diferentes idiomas.
Em 2 de fevereiro, foi divulgado o relatório para investidores da empresa. O documento revelou que o Facebook, que é administrado pela companhia, apresentou uma queda no último trimestre de 2021 do número de usuários ativos diários (DAUs,em inglês). O valor ficou em 1,929 bilhão, diferentemente dos três meses anteriores em que o número estava em 1,930 bilhão. Com isso, a rede social, pela primeira vez desde 2004, trouxe prejuízos à Meta.
A queda dos DAUs levou a um prejuízo de US$ 237 bilhões, — aproximadamente R$ 1.185 bilhões — referente ao valor de mercado da empresa. Com isso, Zuckerberg perdeu US$ 29,8 bilhões do seu patrimônio — equivalente a R$ 150 bilhões — e saiu da lista dos 10 homens mais ricos do mundo. Devido a isso, a Meta tem investido ainda mais no metaverso e em inteligência artificial como estratégias de investimento e recuperação econômica.
Builder Bot
Projetos
A Meta está focada em desenvolver o projeto Cairaoke, que consiste em um modelo totalmente neural para a construção de assistentes. A partir da demonstração, o empresário mostrou uma família que utilizava a ferramenta para obter ajuda no preparo de um cozido. Em um momento, o assistente alertou que o sal já havia sido colocado na comida. Depois, informou que o sal da casa estava acabando e realizou a compra online do produto.
Mark esclareceu que no momento a empresa está restringindo as respostas do Cairaoke até ter certeza de que o sistema não permitirá o uso de termos ofensivos. Além disso, ele afirmou que o projeto conta com um modelo de IA que será utilizado em aparelhos de chamada por vídeo e integrado no dispositivo junto a recursos de realidade aumentada e virtual.
Outro projeto desenvolvido pela empresa é um novo modelo de tradutor. O objetivo é que a tecnologia seja capaz de fornecer traduções em tempo real de todos idiomas. "Falar com assistentes virtuais deve ser fácil, por isso desenvolvemos um modelo de IA que permitirá que você se comunique com eles da mesma forma que fala com amigos e familiares", diz mensagem publicada pela Meta nas redes sociais.
Dados e transparência
Zuckerberg revelou que a Meta já está realizando estudos de dados egocêntricos — envolvem a visualização de mundos em uma perspectiva de primeira pessoa. Para isso, a companhia fez uma parceria com 13 universidades e laboratórios internacionais. Juntas, as entidades trabalharão em um banco de dados chamado Ego4D.
Com a missão de promover a transparência, a companhia planeja tornar pública a forma como determinados algoritmos priorizam os conteúdos em cada rede social. A partir disso, os usuários poderão acessar e compreender melhor os processos. Para isso, a Meta terá de utilizar o código aberto em bibliotecas de recomendações TorchRec, utilizada, por exemplo, para a personalização do feed do Facebook.