A cratera de Colônia, em Palheiros, na região sul de São Paulo, teria como origem o impacto de um objeto extraterrestre, segundo estudo comandado pelo professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Victor Velásquez Fernandez. A área geológica tem 3,6 quilômetros de diâmetro, 300 metros de profundidade e uma borda elevada de 120 metros.
O estudo realizado em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), publicado nesta segunda-feira (20), trouxe evidências mais robustas sobre o impacto que produziu a cratera — desde 2013, análise microscópica aponta que corpo extraterrestre teria sido a causa.
O nome da nova pesquisa é Aspectos morfológicos, características texturais e composição química de esferas do impacto da Cratera Colônia, São Paulo, Brasil.
"Encontramos esférulas no interior da cratera, em profundidades de 180 a 224 metros, cuja forma só pode ser explicada pelo impacto de um corpo extraterrestre, que gerou temperaturas da ordem de 5 mil graus Celsius e pressões da ordem de 40 quilobars — equivalentes a 40 mil vezes a pressão atmosférica padrão", diz Velásquez Fernandez.
O pesquisador afirma ainda que "o fato de as esférulas terem sido achadas no interior da cratera e não fora é bastante raro, porque, normalmente, os impactos ejetam sedimentos para fora". "Nossa explicação é que a energia do impacto transformou as rochas existentes no local em uma nuvem densa e superaquecida. Esse material foi lançado para cima, congelou e voltou a cair na base da recém-formada cratera", completa.
Os eixos de maior comprimento das esférulas possuem um tamanho variado entre 0,1 a 0,5 milímetro, com prevalência de 0,4 milímetro. Quanto à forma, 44% são ovais, 30% têm aparência de gota, 18% são esféricas e 8% têm configuração de disco "prolate". As demais não se encaixam nessas classificações.
Velázquez comenta que o fato de elas não serem todas esféricas é importante e indicam que não podem serem classificadas como micrometeoritos — uma vez que estes, devido ao atrito com a atmosfera, são sempre esféricos: "As formas ovais, de disco e gota, são especialmente relevantes, porque só podem ser explicadas por meio de nossa hipótese: da nuvem superaquecida, ejeção vertical e posterior solidificação e queda do material".
Ele também fala que o desconhecimento do objeto que não permite realizar uma relação definitiva: “Embora desconheçamos o tamanho do objeto, a velocidade e o ângulo de incidência, por comparação com outros impactos, podemos dizer que a colisão gerou uma devastação de 20 quilômetros de raio. Outro aspecto que ignoramos também é a data do evento, estimada, por enquanto, em um intervalo de 5 milhões a 36 milhões de anos no passado”, resume Velázquez.
O estudo é apoiado pela FAPESP por meio de dois auxílios regulares: o primeiro sobre o cadastramento de elementos geológicos e geomorfológicos da Cratera de Colônia e o segundo sobre os registros geológicos na região concedidos ao pesquisador.