A superfície da Lua possui oxigênio suficiente para sustentar 8 bilhões de pessoas por aproximadamente 100 mil anos. Essa foi a conclusão de um estudo publicado na revista The Conversation pelo pesquisador e professor em Ciência do Solo da Universidade de Nova Gales do Sul, Austrália, John Grant.
De acordo com Grant, a Lua tem uma atmosfera fina, composta principalmente de hidrogênio, néon e argônio. Dentro dessa superfície composta por rocha e poeira, conhecida como regolito, há uma porção imensa de oxigênio para ser extraída. Os primeiros 10 metros de profundidade poderiam fornecer o suficiente para sustentar a população da Terra por milênios.
O regolito da Lua é composto de 45% de oxigênio, mas toda essa quantidade de substância que pode ser respirada por pulmões humanos está fortemente ligada a minerais como sílica, alumínio e óxidos de ferro e magnésio. O pesquisador afirma que a eletrólise, processo que transforma energia elétrica em uma reação química, poderia realizar essa transformação e desprender o oxigênio do meio das rochas. Contudo, um processo desses requer muita energia e precisaria utilizar fontes sustentáveis disponíveis no satélite.
— Esse processo (eletrólise) é usado na indústria para produzir alumínio, por exemplo. Uma corrente elétrica é passada através de uma forma líquida de óxido de alumínio por meio de eletrodos, para separar o alumínio do oxigênio. [...] A extração de oxigênio do regolito também exigiria equipamentos industriais substanciais. Precisaríamos primeiro converter o óxido de metal sólido na forma líquida, aplicando calor ou combinando-o com solventes ou eletrólitos —explica o pesquisador.
Ainda de acordo com John Grant, a humanidade já tem tecnologia para fazer isso na Terra e poderia ser utilizada na Lua, o problema é mover o equipamento.
Uma startup belga chamada Space Applications Services anunciou que estava construindo três reatores para melhorar o processo de produção de oxigênio por eletrólise e planejava levar a tecnologia à Lua até 2025 com a ajuda da Agência Espacial Europeia (ESA).