Não há o que se discutir, os dinossauros mais antigos do mundo habitaram – há milhões de anos – a área que corresponde à Região Central do Estado. A informação foi reconhecida pelo Guinness World Records nesta quinta-feira (5) e fez com que o local entrasse para o livro dos recordes.
A publicação informa que, apesar da impossibilidade de precisar a idade exata de fósseis de animais que viveram há milhões de anos, as rochas onde eles foram encontrados são datáveis. E isso foi constatado, aproximadamente há quatro anos atrás, por paleontólogos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, em inglês), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade de São Paulo (USP).
Eles foram os responsáveis por realizar o processo de datação absoluta das rochas, que mede a idade por meio do decaimento dos átomos de elementos químicos – aqui, no caso, dos cristais de zircão – e permite uma alta precisão dos resultados. Os cientistas dataram a Formação Santa Maria – que abrange um cinturão que vai do município de Venâncio Aires até Mata – em até 233,2 milhões de anos, situando-os na idade ladiniana do final do período Triássico. Isso quer dizer que as espécies encontradas no território gaúcho são mais antigas em relação aos dinossauros triássicos de outros locais.
A equipe do projeto Dino Origin, que atua há 21 anos na área, entrou com uma petição junto ao Guinness para que o fato histórico fosse reconhecido pela entidade. O processo teve duração de seis meses e as evidências foram analisadas por paleontólogos independentes do Guinness.
— Como nossas rochas têm 233,2 milhões de anos e nossos dinossauros forma encontrados dentro delas, os dinossauros da nossa região são os mais antigos do mundo. Vale destacar que o local com mais descobertas, nesses 250 km de conjunto rochoso, é a região da Quarta Colônia — explica Ciro Cabreira, integrante do projeto.
Entre os exemplos importantes escavados na Formação Santa Maria, encontram-se: Saturnalia tupiniquim, Nhandumirim waldsangae, Buriolestes schultzi, Pampadromaeus barberenai, Bagualosaurus agudoensis, Gnathovorax cabreirai e Staurikosaurus pricei.
Todos esses eram bípedes herbívoros relativamente pequenos, conhecidos como sauropodomorfos, que mais tarde dariam origem aos saurópodes gigantes, exceto o Buriolestes, o Estauricossauro e o Gnathovorax que eram comedores de carne.
Com o título em mãos, o grupo pretende abrir os olhos da comunidade local para a oportunidade de fomentar o turismo paleontológico, como diversas cidades da Europa já fazem, mas também divulgar a ciência envolvida no descobrimento dos fósseis e seus desdobramentos, conta Cabreira:
— Vamos publicar e parceria com uma editora revistas com réplicas e informações sobre os dinossauros encontrados no Rio Grande do Sul. A publicação será vendida em bancas, mas também estará presente nas escolas. Aqui no Brasil, a gente faz ciência de primeiro mundo e de relevância internacional e, nós, da Região Central do Estado, somos o berço dos dinossauros, foi aqui que a história dos dinossauros começou.
Na publicação de reconhecimento do recorde conquistado pela Região Central gaúcha, o Guinness apontou que um candidato ficou próximo à marca de Santa Maria. São os dinossauros desenterrados na Formação Ischigualasto nas províncias de San Juan e Rioja, do noroeste da Argentina. Neste local, as rochas foram datadas de 231,7 milhões de anos. As primeiras espécies de dinossauros bem conhecidas encontradas neste local incluem Herrerasaurus ischigualastensis e Eoraptor lunensis.
Um dinossauro potencialmente ainda mais velho, o Nyasasaurus parringtoni que foi encontrado em rochas que datam de 243 milhões de anos, durante a idade anisiana do Triássico, na Tanzânia. No entanto, devido a vestígios muito fragmentados, a entidade afirma que "é amplamente contestado se esta criatura era ou não realmente um dinossauro ou alguma outra forma de réptil".