A Agência Espacial Brasileira (AEB) assinou uma carta de intenção para colaborar com o Programa Artemis, que pretende levar a primeira mulher à Lua e avançar nas pesquisas para colonização de Marte. O programa é desenvolvido pela norte-americana Nasa em parceira com outras agências espaciais.
O Brasil é o décimo país a entrar para o acordo de colaboração. Conforme o presidente da AEB, Carlos Moura, a ideia é participar na parte de produção e desenvolvimento de pequenos equipamentos robóticos. Com a participação brasileira, pretende-se estimular não só as pesquisas nacionais, mas também o desenvolvimento de setores como a agricultura e o turismo.
A primeira aventura do homem na Lua foi há quase 52 anos, em julho de 1969, quando a Apollo 11 pousou no satélite e o astronauta Neil Armstrong deu os primeiros passos da humanidade em solo lunar. À época, Estados Unidos e União Soviética disputavam a primazia na exploração do espaço. A chamada Corrida Espacial foi muito importante para o desenvolvimento tecnológico: aparelhos como GPS, aspirador de pó elétrico e sem fio e tênis de corrida, hoje corriqueiros, foram criados para satisfazer às necessidades das missões daquele período.
No total, são previstos 19 projetos para compor o Programa Espacial Brasileiro. A expectativa é que sejam investidos R$106 milhões na sua implementação. O valor já está incluído no orçamento que será apreciado pelo Congresso em 2021.
— Se formos pensar estritamente dentro do âmbito fiscal, a gente não poderia se lançar em novos projetos — pondera Moura. — A gente espera que os congressistas se sensibilizem por essa oportunidade tão promissora e disponibilizem uma pequena quantia. O país, pela economia, pelo tamanho da população, precisa ter capacidade de produção tecnológica própria — completa.
A ideia é que o Estado entre com uma quantia para dar o pontapé inicial no programa e que, assim, atraia o interesse de agentes privados. Um dos projetos previstos pela AEB é o lançamento de uma chamada pública para o desenvolvimento de ferramentas de pesquisa na Lua.
— A princípio, temos como modelo o que é praticado pela Nasa. Iremos publicar o que pretendemos desenvolver para que as empresas apresentem propostas de como fazê-lo — explica Moura.
Veículos robóticos
Até o momento, o que é aventado pela agência é que o Brasil possa fornecer pequenos veículos robóticos:
— O tipo de contribuição que poderíamos dar é essa: um pequeno equipamento robótico para ajudar na exploração da Lua. É claro que ainda não temos, por meios próprios, capacidade de mandar esse equipamento para lá. Então, ele seria levado pela Nasa ou alguma empresa que esteja prestando serviço para ela.
Sobre a propriedade intelectual dos equipamentos desenvolvidos em solo nacional e os artigos lunares coletados para pesquisa, o presidente da AEB explica que o que for desenvolvido pelo Brasil será salvaguardado. Em relação às pesquisas, diz que a expectativa é que se faça um acordo de colaboração:
— Pelo lado científico estamos indo juntos para a Lua, o interessante seria compartilhar os conhecimentos.
Moura destaca ainda as oportunidades que o programa espacial pode proporcionar de forma colateral. De acordo com ele, além de avanços em tecnologias que podem melhorar o desempenho da agricultura, como nas previsões meteorológicas, pode impulsionar a produção de gêneros alimentícios visando às tripulações ou até mesmo pensar em meios de estabelecer cultivos fora da Terra.
Além disso, ele ressalta o potencial turístico, já que o Brasil conta com duas estações de lançamento de foguetes na região Nordeste:
—Normalmente as estações são localizadas em lugares ermos. No nosso caso, não, a costa Leste N nordeste é fabulosa. Então podemos agregar o turismo tradicional e o turismo orbital, oferecendo passeios pelas nossas praias e ainda permitir que o turista sinta o gostinho do que é ser astronauta.