Em 2020, os olhares dos fãs de astronomia foram atraídos para o céu por eventos como a rara conjunção entre Júpiter e Saturno e a ocultação de Marte pela Lua. Neste ano, não será diferente, pois o calendário astronômico de 2021 está repleto de fenômenos que variam entre chuvas de meteoros, superluas e eclipses solares e lunares.
A lista de eventos de 2021 — que iniciou com a chuva de meteoros Quadrântidas, ocorrida no último domingo (3) — conta ainda com conjunções e oposições planetárias e uma bela exposição de Vênus. Alguns desses fenômenos serão visíveis a olho nu ou com ajuda de binóculos, enquanto outros poderão ser observados apenas com o uso de telescópios ou em regiões específicas do planeta.
De acordo com o professor Luiz Augusto da Silva, coordenador do Núcleo de Astromídia da Rede Omega Centauri para o Aprimoramento da Educação Científica, não há previsão de retorno de nenhum cometa brilhante conhecido para este ano. Ele afirma, no entanto, que sempre pode aparecer algum de surpresa, como ocorreu em 2020.
Eclipses
Estão previstos quatro eclipses para 2021: dois solares e dois lunares. Segundo Silva, os solares acontecerão em 10 de junho e 4 de dezembro, mas não serão visíveis no Brasil. O primeiro deles será um eclipse anular do Sol, que ocorre quando a Lua está um pouco menor no céu e, por isso, não encobre todo o astro, formando um anel de luz em seu entorno.
Já os eclipses lunares serão em 26 de maio (total) e 19 de novembro (parcial). O professor explica que o primeiro será visível no Brasil durante o ocaso da Lua, na madrugada:
— Ele começa às 6h45min, então a Lua já está praticamente se pondo no Oeste. Ele vai ser parcialmente visível em Porto Alegre no final da madrugada. O parcial também será visível em parte do Brasil no ocaso da Lua, e começa às 4h19min.
Chuvas de meteoros
Fora a primeira chuva de meteoros que ocorreu em 3 de janeiro, haverá outros cinco eventos principais do tipo, nos quais poderá ser observada uma grande quantidade de meteoros no céu. A próxima chuva será a das Líridas, que deve ocorrer no período de 14 a 30 de abril, envolvendo em torno de 20 meteoros por hora.
— A observação deve ser durante a madrugada, olhando para o Norte. E o máximo dela, que é a madrugada em que se pode ver mais meteoros, será em 22 de abril — informa Silva.
Considerada pelo professor uma das melhores chuvas de meteoros para os gaúchos observarem, pela beleza e visibilidade, a Eta Aquáridas acontece entre 19 de abril e 28 de maio, com máxima prevista para 5 de maio, envolvendo cerca de 50 meteoros por hora. Em seguida virá a Perseidas, de 17 de julho a 24 de agosto, com máximo de atividade em 12 de agosto. No entanto, Silva salienta que ela será mais visível no hemisfério Norte, pois a região do céu fica muito perto do horizonte quando vista do Brasil.
De 2 de outubro a 7 de novembro haverá a chuva Oriónidas, que envolve em torno de 20 meteoros por hora e tem a máxima prevista para 21 de outubro. Ela poderá ser vista na direção das populares estrelas Três Marias. A última do ano será a Geminídeas, que recebe este nome por ficar na constelação de Gêmeos. Prevista para ocorrer entre 4 e 20 de dezembro, com máxima em 14 de dezembro, ela envolve cerca de 150 meteoros por hora - quantidade que só será visível no hemisfério Norte.
— A chuva Geminídeas está com destaque especial este ano porque estão prevendo uma atividade um pouco maior e a fase da Lua não vai atrapalhar a visibilidade, considerando que para ver uma chuva de meteoros precisa-se de um céu bem escuro e aberto, sem obstáculos — esclarece o professor.
Superluas
De acordo com Silva, esse fenômeno acontece quando o momento em que a Lua está na fase cheia coincide com o período em que ela se encontra mais perto da Terra, o chamado perigeu. Neste ano, serão três superluas: em 27 de abril, 26 de maio e 24 de junho.
O professor destaca que a principal entre elas será a de maio, pois é a que tem menor diferença de horário entre o perigeu e a Lua cheia.
Conjunções
A primeira conjunção do ano começa em 15 de fevereiro e vai até 15 de março, envolvendo os planetas Mercúrio, Júpiter e Saturno. Poderá ser observada durante a madrugada, na direção do Leste. Silva afirma que, nesse período, os planetas vão se aproximando e se afastando, como se fosse uma dança:
— Se uma pessoa acompanhar isso todos os dias ou dia sim, dia não, e comparar as posições, vai perceber que eles estão mudando de lugar no céu e que tem algumas ocasiões em que eles se aproximam mais nesse período.
Além disso, nos últimos dias do fenômeno, entre 9 e 13 de março, a Lua minguante vai estar junto dos três planetas, embelezando ainda mais o evento.
Em 12 de julho, ao anoitecer, em direção do Oeste, haverá uma conjunção entre a Lua crescente e dois planetas brilhantes: Vênus e Marte. Entre 8 e 9 de setembro, às 19h ao Oeste, também será possível ver a Lua e os planetas Mercúrio e Vênus. Já em 7 de dezembro, a Lua se aproxima de Vênus e Saturno, às 20h.
Oposições
Silva explica que as oposições acontecem quando os planetas que ficam de fora da órbita da Terra (Júpiter, Marte e Saturno) se aproximam e ficam visíveis no céu por mais tempo, durante praticamente toda a noite. São chamadas desta forma porque, ao olhar para o céu, identifica-se o Sol de um lado e o planeta de outro.
— Por exemplo, o Sol se põe no Oeste e o planeta está nascendo do outro lado do céu, no Leste. Aí o planeta fica visível a noite toda e desaparece ao amanhecer no dia seguinte. Eles estão a 180°C um do outro, por isso que, quando um aparece, o outro desaparece, e vice-versa — relata o professor.
A oposição de Saturno acontecerá em 2 de agosto e a de Júpiter, no dia 19 do mesmo mês. A proximidade das datas, conforme Silva, é consequência da conjunção que ocorreu em dezembro:
— Eles estavam muito perto um do outro, e agora, durante 2021, Júpiter vai se afastando cada vez mais de Saturno, mas, como são planetas lentos, a separação entre eles é muito devagar.
Há também a oposição de Urano e Netuno, em 4 de novembro e 14 de setembro, respectivamente. No entanto, esses não são visíveis a olho nu: para observá-los, é preciso ter um binóculo e conhecer bem o céu.
Exposição de Vênus
Silva ressalta que outro evento interessante será a exposição de Vênus. De acordo com ele, o planeta estará em uma situação bem favorável para observação logo após o pôr do sol, a partir da chegada do outono até a primavera — de abril a novembro.
— Vênus é o planeta mais brilhante entre todos os outros e vai estar visível na direção Oeste ou Noroeste, brilhando bem forte. Em 29 de outubro, ele atingirá o que chamamos de máxima elongação Leste — finaliza.
Calendário astronômico 2021
- De 15 de fevereiro a 15 de março: conjunção entre Mercúrio, Júpiter e Saturno
- De 14 a 30 de abril: chuva de meteoros Líridas
- 27 de abril: superlua
- De 19 de abril a 28 de maio: chuva de meteoros Eta Aquáridas
- 26 de maio: eclipse lunar total e superlua
- 10 de junho: eclipse anular do Sol
- 24 de junho: superlua
- 12 de julho: conjunção entre Lua, Vênus e Marte
- De 17 de julho a 24 de agosto: chuva de meteoros Perseidas
- 2 de agosto: oposição de Saturno
- 19 de agosto: oposição de Júpiter
- 8 e 9 de setembro: conjunção entre Lua, Mercúrio e Vênus
- 14 de setembro: oposição de Netuno
- De 2 de outubro a 7 de novembro: chuva de meteoros Oriónidas
- 29 de outubro: máxima elongação Leste de Vênus
- 4 de novembro: oposição de Urano
- 19 de novembro: eclipse lunar parcial
- 4 de dezembro: eclipse solar total
- De 4 a 20 de dezembro: chuva de meteoros Geminídeas
- 7 de dezembro: conjunção de Lua, Vênus e Saturno
Produção: Jhully Costa