Uma pesquisa publicada na quinta-feira (29) na revista científica Astrophysical Journal Letters apresenta uma revelação interessante: um grupo de cientistas da Universidade de Varsóvia, na Polônia, descobriu um planeta errante, com tamanho semelhante ao da Terra, vagando pela Via Láctea. De acordo com informações do portal G1, a galáxia é repleta desses planetas, que não estão ligados gravitacionalmente a nenhuma estrela e, por isso, são chamados de errantes.
O planeta foi encontrado fora do Sistema Solar, sendo assim, é considerado pelos astrônomos um exoplaneta. Segundo os cientistas que fizeram a descoberta, trata-se do menor planeta errante já visto até hoje.
Normalmente, os exoplanetas são encontrados por meio de observações da luz da estrela hospedeira – a estrela que o planeta orbita – ou da medição do movimento da estrela hospedeira causado pelo planeta. No entanto, os errantes não orbitam nenhuma estrela hospedeira e praticamente não emitem radiação, o que não permite que eles sejam descobertos por métodos tradicionais de detecção astrofísica.
Para localizá-los, é preciso utilizar um fenômeno astronômico chamado microlente gravitacional, que resulta da teoria da relatividade geral de Einstein – que afirma que a presença de massa no espaço curva o espaço-tempo. Em relação aos planetas errantes, eles acabam por agir como uma pequena lente, deformando o espaço-tempo ao redor.
Ainda de acordo com o G1, o objeto massivo (planeta-lente) pode curvar a luz de um objeto de fundo brilhante. Sendo assim, a gravidade da lente atua como uma grande lente de aumento, que dobra e amplia a luz de estrelas distantes. O tamanho do planeta está relacionado com a duração do fenômeno e foi medindo esse tempo que os pesquisadores poloneses puderam estimar o tamanho do planeta encontrado.
— Se um objeto massivo (uma estrela ou um planeta) passa entre um observador baseado na Terra e uma estrela-fonte distante, sua gravidade pode desviar e focar a luz da fonte. O observador medirá um breve brilho da estrela-fonte — explica Przemek Mroz, primeiro autor do estudo e pós-doutorando no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos Estados Unidos.
— As chances de observar microlentes são extremamente reduzidas porque três objetos (fonte, lente e observador) devem estar quase perfeitamente alinhados. Se observássemos apenas uma estrela-fonte, teríamos que esperar quase um milhão de anos para ver a fonte sendo ampliada pela microlente — acrescenta.
Segundo informações da Universidade de Varsóvia, é por este motivo que os novos estudos à procura de eventos de microlente gravitacional estão monitorando centenas de milhões de estrelas no centro da Via Láctea — local onde as chances são maiores para observá-los.
Veja o vídeo da simulação artística de um evento de microlente gravitacional por um planeta flutuante, realizada pelo Observatório Astronômico da Universidade de Varsóvia: