O Facebook foi lento ou deixou de adotar providências para evitar a manipulação de informações dentro de suas redes sociais, conforme acusação de uma ex-funcionária demitida recentemente da empresa. Esses movimentos teriam interferido na discussão de temas importantes na comunidade global e até nas eleições de 2018 no Brasil, conforme a denunciante.
As informações foram publicadas no portal norte-americano BuzzFeed News na segunda-feira (14). A ex-funcionária Sophie Zang, que foi cientista de dados no Facebook, disse que deparou com tentativas múltiplas e flagrantes de governos para usar as funcionalidades das plataformas de forma abusiva. Ela mesma afirma que teve diante de si evidências de ações que interferiram nas decisões de governantes ou em rumos da política.
No caso das eleições brasileiras, teriam sido utilizados mecanismos de propagação massiva de informações pelas redes rociais com o objetivo de favorecer algumas candidaturas. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) analisa o disparo de mensagens por WhatsApp, também uma empresa do Facebook, por apoiadores das campanhas de Fernando Haddad e de Jair Bolsonaro, o que poderia configurar crime eleitoral.
Ainda hoje, há suspeitas de que apoiadores do governo Bolsonaro utilizem robôs no Twitter e no Facebook para compartilhar notícias falsas, apoiar atos antidemocráticos e atacar adversários políticos ou ideológicos. Uma investigação foi aberta em abril, no âmbito do inquérito das fake news, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Por meio de nota publicada no site Congresso em Foco, o Facebook afirmou que trabalhar contra esse tipo de comportamento é prioridade da empresa.
Leia a íntegra da nota do Facebook
"Temos equipes especializadas e trabalhamos com especialistas para impedir que pessoas mal intencionadas abusem as nossas plataformas, o que já resultou na remoção de mais de 100 redes por comportamento inautêntico coordenado. Trabalhar contra esse tipo de comportamento é nossa prioridade, assim como também estamos endereçando problemas de spam e engajamento falso. Investigamos cada uma dessas questões com muito cuidado, incluindo as levantadas pela Srta. Zhang, antes de agirmos ou antes de falarmos publicamente sobre o tema enquanto empresa".