Com brilho máximo e, a olho nu, em um tamanho ainda maior, Júpiter estará perfeitamente alinhado com a Terra, no ponto mais próximo dela e do lado oposto do Sol na noite desta terça-feira (14). É a melhor data de 2020, afirmam os astrônomos, para visualizar o gigante gasoso, o maior planeta do Sistema Solar.
A partir desta época do ano, porém, ele tem a companhia de outros quatro planetas que disputam os olhares de quem busca luzes intensas, que vão além das estrelas no céu noturno. Assim como Júpiter, os planetas Saturno e Marte estão em períodos de aproximação com a Terra. Por isso, explica o físico e astrônomo Luiz Augusto da Silva, coordenador do Núcleo de Astromídia da Rede Omega Centauri, cada vez mais eles ganham destaque e chamam atenção, principalmente em locais onde o céu não tem nuvens nem poluição luminosa.
O mês de julho, aponta Silva, é todo de Júpiter e Saturno, que durante seis meses do ano se movimentam até o ponto máximo de aproximação com a Terra. Nesta terça, para ver Júpiter, olhe para o lado oposto ao que o Sol estiver se pondo, no início da noite. Haverá um ponto brilhante, de luz fixa (ao contrário das estrelas, que cintilam). Júpiter estará visível na constelação de Sagitário, perto da de Escorpião (uma das mais evidentes no céu de inverno). Para identificar a constelação no céu, vale usar aplicativos de astronomia, como o SkyView.
Saturno é o próximo da fila
O próximo planeta a brilhar intensamente em 2020 será Saturno, em 20 de julho, mas com luminosidade menos intensa do que a de Júpiter.
— Nesta quarta (15), Júpiter e Saturno estarão separados por apenas sete graus, entre as estrelas da constelação de Sagitário. Eles terão uma aproximação mútua impressionante, que ocorrerá em 21 de dezembro — avisa o astrônomo.
Marte também está num período especial, afirma Silva, porque só fica próximo da Terra a cada dois anos. E 2020 é, novamente, o ano dele. O melhor mês para visualizar o planeta vermelho será outubro.
— A menor distância será atingida em 6 de outubro, quando estará a 63 milhões de quilômetros da Terra — conta Silva.
Segundo o físico Érico Kemper, professor de física no Campus Canoas do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), os três planetas ficam mais brilhantes por estarem em oposição ao Sol em relação à Terra.
— Um planeta está em oposição quando temos um alinhamento entre a Terra, o planeta e o Sol, com a Terra no meio. Também é a ocasião quando temos o planeta mais próximo da Terra, permitindo as melhores observações, sejam elas a olha nu, pelo seu maior brilho, ou com telescópio. Ficam em oposição apenas os planetas que têm órbitas mais afastadas ao Sol. No caso dos visíveis a olho nu, temos Marte, Júpiter e Saturno — explica Kemper.
Outro planeta que está parecendo "um farol de aterrissagem de uma aeronave", como brinca Silva, é Vênus, visível na direção nordeste. Segundo Kemper, Vênus é o mais brilhante dos planetas e, ao contrário dos outros três planetas brilhantes, nunca está em oposição ao Sol porque sua órbita fica entre a Terra e o astro solar.
— De todos os astros do céu noturno, ele perde em brilho apenas para a Lua — ressalta Kemper.
Há, ainda, Mercúrio, o menor dos planetas, que, devido à órbita elíptica bastante excêntrica, costuma ter dois momentos favoráveis de observação no ano, conforme Kemper. Em 2020, Mercúrio teve o ápice em fevereiro, mas poderá ser visualizado também entre 12 e 22 de julho. Sua localização é facilitada com o alinhamento da Lua, de Vênus e de Mercúrio, em distâncias iguais entre eles, com Vênus no meio.
Curiosidades sobre os planetas brilhantes
Antes do nascer do Sol, salienta Silva, os quatro planetas estão acima do horizonte, espalhados pelo céu. Júpiter e Saturno estão "caídos" a oeste, Marte mais alto, ao norte, e Vênus, ao lado do nascente, e Mercúrio, a leste-nordeste.
— Se desenharmos uma linha reta imaginária conectando todos eles, vamos enxergar o plano da órbita da Terra em torno do Sol projeto no céu. Esta linha chama-se eclíptica — ensina Silva.
Abaixo, Silva e Kemper dão mais detalhes sobre os planetas:
Júpiter e Saturno - Os maiores planetas e os primeiros a despontarem no céu. Nascem na direção leste-sudeste, por volta das 18h, e vão subindo no firmamento, à medida em que as horas passam. Júpiter é o mais brilhante, com cor amarela intensa. Saturno é mais pálido, e tem cor parecida. O uso de um binóculo ou luneta permite ver as quatro maiores luas de Júpiter (Io, Europa, Ganimedes e Calisto), como também os anéis de Saturno e seu maior satélite, Titã, que chega a ter uma atmosfera própria. Nas noites de oposição ao Sol, Júpiter (14 de julho) e Saturno (20 de julho) permanecerão visíveis a noite toda.
Marte - Surge por volta das 23h30min, e a cada dia mais cedo, na direção leste. Enquanto vai se aproximando da Terra, com ápice em outubro, ganha em brilho e tamanho. Em 13 de outubro, ele estará em oposição ao Sol. Por meio de um telescópio, será possível perceber a calota polar do norte marciano, bem destacada devido ao inverno naquele hemisfério do planeta vermelho.
Vênus - Desponta na madrugada, por volta das 4h, na direção nordeste, com brilho intenso e luz branca. Neste mês, o planeta estará na constelação de Touro. Com um telescópio, dará para ver a fase em quarto crescente. Ele permanecerá visível no céu sempre antes do nascer do Sol até o fim do ano. Agosto será o melhor mês para visualização do planeta.
Mercúrio - Até 22 de julho, estará em condições favoráveis de ser observado antes do nascer do Sol, porém, não será o melhor período. Em condições de horizonte aberto para a direção leste-nordeste, é possível observá-lo entre 6h30min e 6h45min, antes da claridade do Sol ofuscá-lo. Sua localização é facilitada com o alinhamento da Lua, de Vênus e de Mercúrio, em distâncias iguais entre eles, com Vênus no meio.