Um estudo feito pelo Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL), na Califórnia, concluiu que uma bomba nuclear seria eficaz para desviar o trajeto de um asteroide e proteger a vida na Terra. A pesquisa, publicada na revista científica Acta Astronautica, foi a primeira investigação aprofundada sobre como um corpo rochoso responderia a um impulso nuclear.
O foco da investigação foi o asteroide Bennu, de 500 metros de largura, que tem uma chance remota de colidir com a Terra daqui a mais de um século — a possibilidade de impacto é de uma em 2,7 mil e aconteceria entre os anos de 2175 e 2199. Embora os autores do estudo não estejam preocupados com a possibilidade de colisão, os pesquisadores resolveram estudar o corpo rochoso para descobrir quais tecnologias seria eficazes para forçar o desvio, se necessário.
O primeiro experimento feito pelos cientistas verificou que um impactador cinético (uso de uma espécie de espaçonave para atingir o asteroide) não seria suficiente para desviar um corpo rochoso tão grande como o Bennu — seriam necessários entre 34 e 53 impactadores e uma antecedência de 10 anos até a colisão. No segundo estudo de caso, os pesquisadores descobriram que um impulso nuclear isolado seria eficaz para afastar o asteroide e proteger a vida na Terra.
— Todo o objetivo de estudos como esse é ajudar a reduzir o tempo de resposta, se virmos algo chegando até nós — disse a física Megan Bruck Syal, líder da equipe de Defesa Planetária do LLNL e uma das autoras do estudo.
A bomba não poderia, porém, ser explodida diretamente no asteroide, pois os fragmentos do corpo rochoso poderiam se tornar radioativos e seguirem em direção à Terra, o que seguiria sendo arriscado para o planeta.
A solução encontrada pelos estudiosos é detonar o explosivo nuclear a uma distância de 50 metros a um quilômetro do asteroide, dependendo de seu tamanho o que causaria o lançamento de uma enorme onda de pulsos radioativos sobre o objeto e faria com que uma grande quantidade de energia fosse absorvida por ele. O resultado seria a vaporização de parte do asteroide, por conta dessa quantidade de energia.
A bomba levaria no mínimo 7,4 anos para alcançar o Bennu, entre construir a espaçonave que a levaria, planejar a missão e levá-la até o objeto. Segundo a física Meghan, o tempo seria o inimigo número um, em caso de risco de colisão:
— As chances de uma colisão de um asteroide da classe do Bennu parecem pequenas agora, mas não são nulas, e as consequências podem ser devastadoras se não formos capazes de agir a tempo. No final, nossa capacidade de proteger as pessoas e a infraestrutura crítica na Terra pode se resumir a quão prontos estamos para responder rapidamente.