Uma dupla de pesquisadores australianos levantou a hipótese — controversa — de que o uso excessivo de celulares pode estar relacionando ao surgimento de uma pequena protuberância óssea na parte traseira do crânio de alguns jovens.
Em 2016, os professores David Shahar e Mark Sayers, da University of the Sunshine Coast, analisaram 218 pessoas com idades entre 18 e 30 anos, constatando que cerca de 40% tinham o crescimento perto da base do crânio.
Eles resolveram alargar essa investigação e analisaram radiografias de 1.200 pessoas com até 86 anos, publicando os resultados há pouco mais de um ano. A conclusão é que havia mais jovens do que idosos com a calosidade. As protuberâncias em questão mediam de um centímetro a três centímetros.
A dupla não havia estudado o uso de eletrônicos pelas pessoas que foram examinadas, mas levantou a hipótese de que o crescimento ósseo poderia ser explicado pela inclinação da cabeça durante o uso de celulares e tablets.
O estudo ganhou projeção recentemente, quando vários sites resgataram-no e publicaram notícias sobre o susposto crescimento de calombos motivado pelos smartphones. Em reação a isso, alguns dos veículos mais respeitados da imprensa internacional, como o jornal The New York Times e a revista Time, também abordaram o assunto, colocando em dúvida as afirmações.
A Time destacou que o corpo humano pode estar se ajustando às geringonças tecnológicas da atualidade, mas lembrou que o estudo australiano não traz qualquer evidência disso. Também afirmou que o aparecimento da protuberância craniana é algo antigo e bem documentado pela ciência, citando um artigo científico de 2017 segundo o qual ele "frequentemente se apresenta no final da adolescência devido aos surtos de crescimento".
O The New York Times ouviu vários especialistas. Um deles admitiu que ficar com o pescoço dobrado pode, em teoria, formar uma saliência óssea. Mas os profissionais apontaram principalmente defeitos no estudo australiano: ele recorre a raios-x antigos, não tem um grupo de controle, não constata uma relação de causa e efeito e usa como como base pacientes que já tinham problemas e que por causa disso procuraram um profissional da quiropraxia.