Pouco mais de uma semana após ser aberta, a cápsula do tempo encontrada em Pelotas, no sul do Estado, encontra-se vazia. Trata-se de uma ação do Laboratório de Conservação e Restauro de Bens Culturais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que removeu o conteúdo e o mergulhou em água deionizada (sem a presença de sais minerais).
A partir disso, foi possível analisar o material. O maior volume é de fragmentos de jornais datados de 1931, sendo que algumas das peças estão em bom estado de conservação. Foi possível reconhecer também um retrato da Miss Universo de 1930, Yolanda Pereira, impresso em tecido. Além disso, entre os destaques estão moedas de prata que foram feitas na época pelo Ministério da Fazenda para comemorar o feito da modelo pelotense.
Segundo o secretário de Cultura de Pelotas, Giorgio Ronna, o material pode contribuir para entender o século 20 em Pelotas.
— É muito importante, e até mesmo fascinante, esse processo e essa janela do tempo que foi aberta. Estabelecemos uma comunicação entre a Pelotas dos anos 1930 e a Pelotas contemporânea.
Nesta quarta-feira (22), o especialista em metais Marcus Granato, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), esteve no Laboratório da UFPel para avaliar a possibilidade de contribuir para a recuperação do metal, a fim de evitar a corrosão.
A próxima etapa do restauro será a montagem e colagem dos fragmentos de retalhos de papeis. O processo completo tem previsão de três meses de duração. Após todo o restauro, o material será disponibilizado em exposições promovidas pela universidade.
A cápsula do tempo, enterrada em 1931, foi encontrada no começo do mês durante escavações na Praça Pedro Osório, no centro de Pelotas. O material estava próximo ao monumento em homenagem a modelo Yolanda Pereira, que morreu em 2001.