Cientistas do laboratório de biologia molecular da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, criaram o primeiro organismo vivo do mundo que possui um DNA totalmente sintético. A notícia foi publicada na revista Nature nesta quarta-feira (15), conforme informa o The Guardian.
Trata-se de um micróbio encontrado no solo e nos intestinos dos seres humanos. Em um projeto que durou cerca de dois anos, os pesquisadores redesenharam o código genético da bactéria Escherichia coli, antes de criar células com uma versão sintética do genoma alterado. A descoberta abre caminho para fabricação de remédios e outros materiais úteis.
— Não estava claro se era possível fazer um genoma tão grande e se era possível mudá-lo tanto — disse Jason Chin, especialista em biologia sintética que liderou o projeto.
O genoma artificial criado pelos cientistas contem 4 milhões de pares de bases nitrogenadas explicitadas pelas letras G, A, T e C. Impresso em folhas A4, foram necessárias, para se ter uma ideia, 970 páginas.
Enrolado dentro de uma célula, o DNA contém todas as informações necessárias para que o organismo funcione. Quando a célula precisa de proteína para se desenvolver, por exemplo, ela lê o código genético na espiral e codifica a proteína certa.
Quase todos os seres vivos, incluindo os humanos, utilizam 64 códons — sequência em trios de bases nitrogenadas. De início, os cientistas removeram códons supérfluos da bactéria. Sempre que deparavam com uma sequência TCG, eles a reescreviam para ACG. Ao todo, foram 18 mil modificações.
O novo código genético foi então sintetizado e recolocado no microrganismo. O resultado, relatado na revista Nature, foi uma bactéria com um DNA completamente sintético, batizado de Syn61.
Segundo o The Guardian, os pesquisadores acreditam que a Escherichia coli poderá ser uma importante aliada no combate a câncer, esclerose múltipla, ataques cardíacos e doenças oculares, por exemplo.