Consumidores gaúchos têm à disposição desde o mês de março uma ferramenta digital para pesquisar, em tempo real, preços de produtos em mais de 300 mil estabelecimentos físicos no Estado. O aplicativo para celular Menor Preço Nota Gaúcha permite que o usuário pesquise no seu entorno os preços cobrados por determinado produto.
As pesquisas no aplicativo refletem os dados de venda gerados automaticamente pelas empresas que emitem regularmente notas fiscais eletrônicas (como supermercados, farmácias, postos de combustíveis etc). Na prática, cada vez que um consumidor faz uma compra e solicita a inclusão de seu CPF na nota eletrônica, as informações são enviadas à Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) e a base de dados é atualizada, ajudando os usuários do aplicativo a encontrar o menor preço.
Subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira explica que a quantidade de informações disponíveis no aplicativo varia entre os setores do comércio, uma vez que os dados estão disponíveis apenas para os estabelecimentos que emitem nota fiscal regularmente.
— Os setores que têm mais oferta de informação são os mais organizados, como os supermercados, com maior controle e emissão de nota. Quando se "desce" para minimercados e restaurantes, os consumidores acabam não tendo o hábito de pedir nota fiscal — avalia Pereira, um dos idealizadores da ferramenta.
O aplicativo também permite a leitura de código de barras. Com isso, o usuário do aplicativo pode, em casa ou no supermercado, por exemplo, buscar o preço que está sendo cobrado por aquele produto nos estabelecimentos do entorno.
Os valores mostrados no aplicativo são tratados estatisticamente, para evitar que vendas casadas ou erros de digitação mostrem valores distorcidos aos consumidores. A Sefaz também lembra que há estabelecimentos com programas de fidelidade que interferem no preço final.
— Se o estabelecimento tem um programa de fidelidade e deu um desconto, por exemplo, vai aparecer o preço líquido (com desconto) na nota. Por isso, o aplicativo serve como uma referência, pois cada estabelecimento pode praticar preços distintos para consumidores diferentes — explica Pereira.
Desenvolvido digitalmente pela Procergs — Cia. de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul, o aplicativo foi baixado por 7,4 mil usuários em 20 dias. Os números ainda estão longe dos mais de 600 mil downloads registrados pelo aplicativo paranaense que inspirou a iniciativa gaúcha. O subsecretário da Receita diz que o governo fará divulgação da ferramente para que ela se popularize.
Teste da reportagem
Os produtos mais pesquisados no app, até o momento, conforme a Sefaz, são gasolina, leite, cerveja, arroz e achocolatado em pó. Para combustíveis, há uma busca própria no aplicativo em que o usuário pode decidir, com poucos toques, se deseja ver preços de gasolina comum ou aditivada, etanol, diesel e GNV.
Ao testar essa funcionalidade, a reportagem de GaúchaZH calibrou a busca para gasolina comum, em um raio de até três quilômetros de distância, com preços confirmados nos últimos dois dias. O aplicativo mostrou 38 resultados diferentes, com valores de R$ 4,40 a R$ 4,90 por litro. Uma deficiência do aplicativo é que, em alguns casos, não é possível, pelo nome da empresa utilizado na nota fiscal, saber a bandeira do posto — informação que pode ser decisiva para o consumidor decidir pela compra.
GaúchaZH também buscou o preço do pacote de erva-mate de determinada marca. Para um raio de três quilômetros de distância, houve dezenas de resultados, incluindo os tipos tradicional, pura folha e moída grossa. Contudo, como as escritas e abreviações são diferentes em cada comércio, não é tão simples refinar a busca sem eliminar resultados válidos. Há também produtos sem descrição de peso. Para o tipo tradicional, a variação de preço foi de R$ 1.
— Esta é a primeira versão do aplicativo. A partir de agora, a gente pode conversar com a associação de supermercados, com os varejistas de combustíveis. É só uma questão de qualificar o cadastro — projeta Pereira, finalizando:
— O saldo é bem positivo. É uma ideia de que o Fisco não é só aquele que cobra tributos, mas também oferece serviços que ajudam o consumidor.
Resistência empresarial
O aplicativo foi finalizado pela Sefaz e pela Procergs no primeiro semestre de 2018. Contudo, ao ser apresentado a setores empresariais, houve resistências ao aplicativo. Uma fonte que acompanhou as discussões e prefere não se identificar disse que, diante das pressões e da proximidade com as eleições de 2018, o governo de José Ivo Sartori guardou o projeto na gaveta. O aplicativo foi lançado no último dia 15, já sob a gestão de Eduardo Leite.
Como usar o app
- Para pesquisar no app, o usuário precisa ter uma conta no programa Nota Fiscal Gaúcha. O cadastro é feito neste site da Secretaria da Fazenda.
- Baixe o aplicativo Menor Preço Nota Gaúcha, disponível nas plataformas Android e iOS. Cuide para não confundir com o aplicativo Menor Preço, produzido pelo governo do Paraná.
- Abra o aplicativo e faça o login.
- Faça sua busca pelo produto que você deseja pesquisar por meio de descrição, marca ou código de barras.
- Use os filtros para definir raio de pesquisa de um a 30 quilômetros e para definir preços divulgados há mais ou menos tempo.
- A localização do usuário será usada para encontrar os menores preços nos estabelecimentos mais próximos.