Após mais de 12 anos de experiência consertando cerca de 30 celulares por dia, o técnico em eletrônica Luciano Simon, 51 anos, estava preparado para repetir um procedimento já executado incontáveis vezes: desmontar um smartphone e examinar a bateria. No entanto, às 13h45min desta sexta-feira (22), a situação foi diferente em sua loja, na zona norte de Porto Alegre.
Assim que Simon retirou a tela de um modelo iPhone 6, o gadget emitiu um forte estampido e projetou labaredas de fogo no rosto e no pescoço do técnico, em um momento de susto captado pelas câmeras de segurança do estabelecimento.
— Me apavorei, achei que ia pegar fogo na loja. É uma fração de segundo. Deu tudo certo, foi por Deus.
A reação foi instantânea: o dono do estabelecimento derrubou o iPhone no chão com um tapa e abafou as chamas com um pano. Enquanto isso, o vendedor Iago Lincoln, 23 anos, correu na direção contrária para se proteger.
— Pensei em pegar um extintor, mas foi tudo muito rápido — conta.
Uma cliente que por acaso estava no local ainda se assustou e, em seguida, questionou se Simon estava bem.
Passadas três horas do acidente, o técnico em eletrônica conservava marcas de queimadura no pescoço e acima dos lábios, além de uma sensação de ardência dentro do nariz – ele relaciona a dor ao momento em que inspirou a fumaça do lítio, substância armazenada dentro da bateria. Simon passa bem, mas pretende ir ao hospital ainda nesta sexta.
Segundo Simon, a bateria seria falsificada e estava inchada quando chegou para assistência. O que restou da explosão foram cinzas e um celular derretido no interior. A bateria, antes ultrafina, expandiu-se até adquirir a forma de um tubo de tinta profissional.
O cliente relatou a Simon ter comprado o aparelho em um popular site de anúncio de produtos usados, mas que o antigo vendedor alegara que a bateria era original. Quando levou o iPhone à assistência, contou que a bateria durava apenas uma hora e que ele costumava carregar o celular a noite inteira na tomada.
— Esse foi o maior erro, porque isso superaquece a bateria, que acaba recebendo energia elétrica a noite inteira. A bateria falsificada também não é bom (utilizar), porque tem vida útil menor. Poderia ter explodido na mão dele — diz Simon, salientando que também é preciso evitar o uso do celular enquanto o gadget está carregando na tomada.
GaúchaZH tentou contato com o usuário do celular para mais detalhes do aparelho, mas ele não atendeu. A reportagem também tenta contato com a Apple.