Boa parte do planeta poderá ver na madrugada desta segunda (21) um eclipse lunar completo, com direito a "superlua". O fenômeno estará visível em todo o país, se o céu não estiver nublado, e durará 62 minutos em sua fase total. Mas, para apreciá-lo, será preciso fazer corujão.
O fenômeno poderá ser visto das Américas, grande parte da Europa e da África Ocidental. Aqui no Brasil, ele poderá ser contemplado sem o auxílio de equipamentos, afirma a mestranda em Astronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fernanda Oliveira.
— O eclipse poderá ser visto a olho, mas quem preferir pode usar um binóculo ou câmera digital com zoom para poder vê-lo com mais detalhe. Uma observação importante é que, além do eclipse em si, teremos, também, a superlua que o momento em que esse satélite está mais próximo da Terra — diz Fernanda.
O Observatório Astronômico da PUCRS e o Planetário da UFRGS Professor José Baptista Pereira, ambos em Porto Alegre, não realizarão atividades de observação.
O fenômeno começará a partir de 1h30min e terminará por volta de 4h50min. A cobertura total da Lua está prevista para as 2h41min, segundo dados da Nasa. Neste momento, o satélite natural deve apresentar coloração avermelhada — chamada de Lua de Sangue.
Fernanda explica que o nome é dado porque os raios do Sol não alcançarão a Lua, mas uma pequena parte dos raios vermelhos será filtrada através da atmosfera da Terra e se refratará sobre a Lua, explica Fernanda. Ela ressalta que é preciso torcer para que o tempo esteja firme para que o espetáculo possa ser contemplado por inteiro.
— Não pode chover, porque a precipitação, significa que o céu vai ter muitas nuvens. Com muitas nuvens, a Lua fica coberta e a visibilidade fica prejudicada — afirma.
O próximo eclipse lunar total está previsto para maio de 2021. Outro fenômeno programado para este ano é o eclipse solar total, em 2 de julho, que terá maior visibilidade no Chile e na Argentina.
Onde assistir?
O Observatório COSMOS, em Itaara, na Região Central, terá programação especial durante a madrugada para quem quiser assistir o fenômeno e aprender mais sobre o assunto. Para as 23h, está previsto o início de uma palestra sobre astronomia. Os visitantes conhecerão rochas meteóricas, meteoritos lunares e, por fim, serão encaminhados ao terceiro andar do observatório para enxergar com telescópio e filtros especiais o eclipse lunar.
Endereço: Parque Serrano 2, s/n, Itaara.
Valor: R$ 20
Como ocorre um eclipse
Os eclipses lunares ocorrem quando a Lua penetra no cone de sombra da Terra, o que só pode acontecer na fase de Lua cheia, como explica Paulo Sergio Bretones, doutor em educação em astronomia e professor da Universidade Federal de São Carlos.
— A Terra gira ao redor do Sol num plano. Por exemplo, supondo que o Sol esteja no centro da face superior de uma mesa, a Terra se move em torno do Sol no nível desta superfície. Ao mesmo tempo a Lua gira em torno da Terra, mas o plano de órbita lunar é inclinado um pouco mais de 5º em relação à face da mesa— ensina.
— Embora a Terra projete sempre a sua sombra não a percebemos porque geralmente a Lua passa acima ou abaixo da sombra. Assim, quando a Lua cruza o plano da órbita da Terra e, além disso, o Sol, a Lua e a Terra ficam alinhados, ocorre um eclipse lunar. A sombra da Terra projetada no espaço se estende em forma cônica por cerca de 1,38 milhão de quilômetros e com um diâmetro de cerca de 9 mil quilômetros na distância onde está a Lua —complementa o pesquisador.
O eclipse desta vez ocorrerá com uma "superlua", nome que se tornou popular para explicar as situações em que o satélite está no seu ponto mais perto da Terra.
— Como a Lua gira ao redor da Terra numa órbita elíptica, fica mais próxima no perigeu, que pode chegar a 356.400 km, e mais afastada, no apogeu, a até 406.700 km de nosso planeta — ensina Bretones.
— Isso leva a uma pequena variação de tamanho angular e no seu brilho. Quando a Lua cheia ocorre perto do perigeu, a Lua pode ficar até 14% maior e 30% mais brilhante do que a Lua cheia do apogeu — diz.
O fenômeno com essas duas características, totalmente visível no País e com superlua, só voltará a ocorrer em 2022. Neste ano, teremos cinco eclipses: três do Sol e dois da Lua. Somente o desta segunda será totalmente visível no Brasil.