A Academia de Ciências da Suécia anunciou na manhã desta terça-feira (3) que o prêmio Nobel de Física deste ano será concedido a três astrofísicos dos Estados Unidos, pela observação pioneira de ondas gravitacionais. Os agraciados são o alemão de nascimento Rainer Weiss (1932), do Massachusetts Institute of Technology, e os americanos Barry C. Barish (1936) e Kip S. Thorne (1940), ambos do California Institute of Technology.
O trio participou do Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro a Laser (Ligo), um projeto colaborativo que envolve mais de mil pesquisadores de duas dezenas de países. Em 14 de setembro de 2015, eles realizaram a primeira observação de ondas gravitacionais, originárias de uma colisão entre dois buracos negros.
A detecção do sinal, que levou 1,3 bilhão de anos para chegar à Terra, foi considerada uma revolução na astrofísica. No comunicado em que anunciou o prêmio, a Academia Sueca afirmou que "os laureados com o Nobel tiveram, com seu entusiasmo e determinação, um papel inestimável no sucesso do Ligo", garantindo que "após quatro décadas de esforços as ondas gravitacionais finalmente fossem observadas".
As ondas gravitacionais foram previstas por Albert Einstein em sua Teoria Geral da Relatividade, publicada há cem anos, mas, extremamente sutis, elas pareciam impossíveis de detectar. O anúncio da detecção foi feito em 11 de fevereiro de 2016, com grande impacto mundial.
— Em 14 de setembro, tudo mudou. Graças a essa descoberta, a humanidade embarca na maravilhosa exploração dos lugares mais extremos do Universo — afirmou Thorne.
A partir da descoberta, os cientistas se convenceram de que, se é possível detectar ondas gravitacionais, talvez seja possível descrever fenômenos que não emitem ondas eletromagnéticas suficientemente significativas para serem observadas.
No fim de 1915, Einstein revolucionou a física ao propor que a gravidade não é uma força de atração, mas uma distorção no tecido do tempo-espaço produzida por objetos que possuem massa.
Segundo a teoria, a distorção causada por corpos muito grandes e acelerados deveriam produzir ondas no espaço-tempo, de maneira semelhante às ondulações produzidas por uma pedra atirada na água. Mas a detecção dessas ondas gravitacionais era quase impossível, já que são minúsculas, com amplitude milhares de vezes menor que o comprimento de um próton.