Está na Bíblia: "Onde se reunirem dois ou três em Meu nome, ali eu estou no meio deles", diz Jesus, no livro de Mateus, capítulo 18, versículo 20. A fala não se refere às redes sociais ou à internet, mas se o filho de Deus, onisciente, já sabia do futuro digital, é lógico concluir: Ele está no FaceGlória.
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Criada pelo político e religioso Acir Filló, a rede social cristã foi lançada oficialmente no início de junho, durante a Marcha para Jesus, que reuniu 340 mil fiéis em São Paulo. Ainda em fase de testes, o Facebook religioso tem 70 mil usuários cadastrados e 40 mil numa espécie de lista de espera - Filló espera superar o Facebook original (que tem quase 1,5 bilhão de usuários) em cinco anos e pretende lançar novos serviços, como um Tinder cristão, em breve.
- Falta definir um nome, mas tudo vai ser feito observando os princípios cristãos - ressalta.
No FaceGlória são permitidas pessoas de todas as crenças, mas publicações que desrespeitem os princípios cristãos serão bloqueadas. Beijo gay, por exemplo, está proibido.
- Não pode, de forma alguma. Está vetado publicar a propaganda d'O Boticário. O gay pode ter perfil, debater ideias, mas não pode postar conteúdo que não é cristão - explica Filló, que é prefeito de Ferraz de Vasconcellos (SP) e membro da Congregação Cristã do Brasil.
Nem todas as ferramentas da rede social funcionam perfeitamente. Ela foi inaugurada meio às pressas, para pegar embalo na Marcha para Jesus e aproveitar a publicidade gratuita de cantores gospel e líderes religiosos que foram à parada. Por enquanto, só é possível publicar textos e fotos no mural. Algumas funcionalidades básicas (como trocar a foto de perfil e usar o chat) não funcionam ou têm problemas.
- Tudo tem um ciclo. O Orkut teve, o MSN teve. Em cinco anos, o Facebook vai acabar, como tudo. Nós queremos aproveitar a oportunidade e ser uma rede social segmentada. O Brasil tem 80 milhões de evangélicos, nós queremos 30 milhões no FaceGlória. Depois, queremos ultrapassar fronteiras, ir para outros países. Já até criamos o domínio faceglory.com, em inglês - projeta.
Especialista em redes sociais, a pesquisadora Raquel Recuero, da Universidade Católica de Pelotas (UCPEL), concorda que o Facebook não vive seu melhor momento, mas vê com ceticismo as previsões do FaceGlória.
- Está todo mundo no Facebook, é uma rede social que tem problemas, mas está em uma posição muito confortável. A segmentação teria que fazer muito sentido para as pessoas, porque ninguém tem tempo para investir nesse aprendizado. De modo geral, ferramentas como essa têm tido vida curta - sentencia.