Na última semana, um viral da Always - marca de absorventes íntimos - com fotos da apresentadora Sabrina Sato nua virou polêmica na internet. Mês passado, uma campanha da Skol foi tachada de machista.
Em outubro de 2014, a marca de sucos Do Bem foi questionada por propaganda enganosa. São três exemplos de que a voz dos consumidores está ampliada pelas redes sociais - e os desafios para lidar com essa realidade são o tema principal do Congresso de Estratégias Criativas, que ocorre segunda-feira em Porto Alegre.
Idealizado pelo Grupo de Planejamento do Rio Grande do Sul (GPRS), o evento traz pesquisadores brasileiros e estrangeiros de renome ao Teatro do Bourbon Country. Os debates seguirão o mote do encontro: Pensando Marcas em um Ambiente Mutante.
- Vivemos em uma época em que as pessoas, o tempo inteiro, estão falando sobre as marcas, avaliando os atendimentos e exigindo novidades. Vamos apresentar ideias que deram certo para estimular as empresas a pensar em formas inovadoras de lidar com este novo momento, algo que tem sido difícil - avalia a presidente do GPRS, Daniele Lazzarotto.
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
Ações estratégicas de rótulos como Nestlé, Coca-Cola, BelVita, Trident, Tang, Ambev e Red Bull serão representadas por cinco palestrantes. Um deles é a antropóloga formada em Harvard Abigail Posner, do Google, cujo trabalho, em suma, é levar até os engenheiros a percepção dos consumidores sobre determinado produto, para que eles reflitam sobre como melhorá-lo. Uma ideia que dialoga com o que traz a outra convidada estrangeira do congresso, a americana Heather LeFevre:
- Se você trabalha com marketing e se importa com seus clientes, não tem outra opção senão pensar constantemente em maneiras de criar produtos cada vez melhores para eles. A inovação é amar seus consumidores e, ao mesmo tempo, manter seu objetivo comercial - afirma a pesquisadora.
Foco no discurso e na repercussão
O boom de informações a que somos submetidos todos os dias em sites como o Facebook e o Twitter transforma as redes sociais em grandes megafones - e, exatamente por isso, em um campo rico em detalhes para estudar os consumidores.
- É preciso sair do lugar-comum e pensar não só em atrair as pessoas à marca, mas também em evitar uma gafe ou crise. Hoje, por exemplo, a reação das pessoas a uma propaganda tem um fator de imprevisibilidade, mas sabemos que discursos politicamente incorretos estão plenamente sujeitos à repercussão - aponta Daniele.
Não é preciso ter formação em marketing, publicidade ou administração para se inscrever no congresso. Aliás, foram computados participantes da odontologia à filosofia - diversidade que tem tudo para tornar as discussões mais interessantes, creem os organizadores. O importante é discutir o comportamento contemporâneo dos consumidores e como as empresas devem estar atentas a ele.
- Nós estamos arruinando o marketing quando produzimos algo que as pessoas acham chato, idiota e esquecível - diz Heather.