O pai pergunta à menina se ela já fez a lição de casa e recebe de volta uma resposta enigmática:
- Já terminei o QMágico.
O episódio foi protagonizado por uma sobrinha de Marcio Boruchowski, criador de uma empresa de aulas particulares pela internet, e serviu de inspiração para o Hackademia, um simpósio online gratuito que tem como objetivo familiarizar pais formados em uma era analógica com as novas tecnologias e ferramentas educacionais que estão revolucionando a rotina escolar. O evento, com cerca de 40 palestrantes nacionais e estrangeiros, ocorre entre os dias 16 e 22 (veja detalhes no quadro abaixo).
O QMágico, uma plataforma de ensino individualizado usada hoje por muitas instituições públicas e privadas brasileiras, é um dos serviços que serão apresentados. Também serão explicadas metodologias como cursos por vídeo, livros didáticos interativos para tablets e uso de brinquedos em atividades extracurriculares - iniciativas que estão "hackeando" a educação, no sentido de fazê-la avançar por meio de recursos tecnológicos.
- Existem diversas empresas e acadêmicos desenvolvendo novas ferramentas e tecnologias para aperfeiçoar o modelo educacional. As crianças já estão usando essas ferramentas na escola, enquanto professores e gestores as conhecem de perto por meio de estudos e congressos. É um mundo novo, que as famílias ainda não descobriram. Falta explicar aos pais o que está acontecendo, para que eles possam aprimorar as decisões de acordo com o que esperam da educação dos filhos - justifica Boruchowski, criador da empresa Educare, que dá aulas online.
Escolas como o Colégio Farroupilha, de Porto Alegre, estão entre as que adotam as novas ferramentas digitais. Débora Valletta, coordenadora de tecnologia educacional, veio de São Paulo para mudar a lógica de aproveitamento dos novos recursos. Agora, em lugar de passar algumas horas por semana no laboratório de informática, os alunos trabalham na própria sala de aula, com tablets e notebooks. Há uma preocupação de oferecer formação aos professores e de planejar o uso das ferramentas com a equipe pedagógica. Um dos produtos adotados pelo Farroupilha, a plataforma Mangahigh, recorre ao universo dos mangás e animes japoneses para oferecer jogos e desafios que trabalham conceitos matemáticos. O programa está em uso no 3º e no 4º ano.
- Os alunos usam a plataforma na sala de aula, com orientação do professor, para trabalhar competências que queremos reforçar. É uma forma lúdica de aprender. O diferencial é que, como eles têm um login e uma senha, também levam isso para casa, jogando em rede com colegas ou com alunos de outras escolas e países. O aprendizado é estendido para fora da sala de aula, uma de nossas preocupações - diz Débora.
Para apresentar essas novidades a uma quantidade maior de pessoas, Marcio Boruchowski concluiu que era necessário, com o Hackademia, fugir do formato tradicional de simpósio, que reúne assistência e palestrantes em um determinado lugar, muitas vezes a um custo elevado. Preferiu realizar o evento na internet. Durante uma semana, quem se inscrever e entrar na plataforma do evento poderá assistir a uma agenda de palestras gravadas com acadêmicos que estudam as novas tecnologias e com empresas que estão oferecendo serviços na área. Também será possível interagir com os palestrantes com auxílio do Facebook. Em uma fase posterior, será criada uma modalidade paga para quem quiser assistir aos vídeos.
O Hackademia
O que: 1º Simpósio Online Sobre Novas
Tecnologias Educacionais
Quando: de 16 a 22 de março
Como participar: as inscrições devem ser feitas no site hackademia.com.br, por meio do qual as palestras poderão ser acompanhadas
Quanto: a participação é gratuita, mas depois do simpósio o acesso aos vídeos será cobrado