Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como "Colômbia", foi indiciado pela Polícia Federal como o mandante dos assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorridos em junho de 2022 no Vale do Javari, no Amazonas. Ele também é investigado pesca ilegal e tráfico de drogas. Informações do g1.
O documento foi encaminhado na sexta-feira (1º) à Justiça. Além dele, outras oito pessoas foram indiciadas por participação no crime.
De acordo com a investigação, Colômbia, que está preso desde 2022, teria fornecido os cartuchos para a execução do crime, interveio para coordenar a ocultação dos cadáveres das vítimas e patrocinou financeiramente as atividades da organização criminosa.
Documento entregue à Justiça também mostra que a ação dos criminosos resultou em ameaças aos servidores de proteção ambiental, as populações indígenas, além de causar impactos socioambientais.
Outros indiciados
Ao longo da investigação da PF, concluída na sexta, após dois anos de diligências, outros oito investigados foram indiciados por crimes relacionados à execução dos homicídios e a ocultação dos cadáveres. Os principais nomes são os de Amarildo da Costa Oliveira, "Pelado", Jefferson da Silva Lima, "Pelado da Dinha", e Oseney da Costa de Oliveira, "Dos Santos", os supostos executores.
Amarildo e Jefferson vão a júri popular em razão dos homicídios. Com relação a "Dos Santos", a Justiça de primeiro grau negou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal, que recorreu ao Superior Tribunal de Justiça — que ainda vai decidir sobre o caso. Além deles, a PF indiciou mais cinco pessoas por crime relacionado à ocultação dos corpos.
O relatório final do inquérito ressalta como motivação para as mortes de Bruno e Dom a atividade fiscalizatória do indigenista na região do Vale do Javari e a forte atuação em defesa da preservação ambiental e na garantia dos direitos indígenas.
Relembre o caso
Bruno e Dom foram mortos no dia 5 de junho de 2022, vítimas de uma emboscada, enquanto viajavam de barco pela região do Vale do Javari, no Amazonas, que abriga a Terra Indígena (TI) Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares.
A dupla foi vista pela última vez enquanto se deslocava da comunidade São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte (AM), onde se reuniria com lideranças indígenas e de comunidades ribeirinhas. Seus corpos foram resgatados 10 dias depois. Eles estavam enterrados em uma área de mata fechada, a cerca de três quilômetros do Rio Itacoaí.
Quem eram as vítimas
Colaborador do jornal britânico The Guardian, Dom Phillips se dedicava à cobertura jornalística ambiental — incluindo os conflitos fundiários e a situação dos povos indígenas — e preparava um livro sobre a Amazônia.
Bruno Pereira já tinha ocupado a Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém Contatados da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) antes de se licenciar do órgão, sem vencimentos, e passar a trabalhar para a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Por sua atuação em defesa das comunidades indígenas e da preservação do meio ambiente, recebeu diversas ameaças de morte.