Uma operação da Polícia Civil encontrou caixas de medicamentos no local que seria o consultório do médico do Samu André Lorscheitter Baptista, 48 anos. Ele é suspeito de matar a esposa Patrícia Rosa dos Santos, 41 anos, em Canoas. Entre os remédios encontrados estão ampolas de sedativos e relaxante muscular, substâncias que teriam sido injetadas na vítima.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão no local apontado como consultório do médico, que fica no bairro Petrópolis, em Porto Alegre. A ação foi realizada na última quinta-feira (31), mas só foi divulgada nesta segunda-feira (4).
Segundo o delegado responsável pelo caso, Arthur Reguse, a polícia buscava por uma arma que está registrada no nome do médico. Baptista informou à Polícia Federal que estaria no local, no entanto não foi localizada.
— A sala comercial está disponível para locação e o serviço de portaria informou que o médico nunca esteve no prédio. Entramos no local e encontramos muitos medicamentos, muitos vencidos desde 2011. Além disso, ele mentiu à Polícia Federal sobre a arma — explicou o delegado.
Na semana passada, uma investigação interna do Samu de Porto Alegre apontou que um frasco de um sedativo foi furtado durante o plantão do médico. Conforme nota enviada pela Secretaria Municipal da Saúde da Capital, o furto ocorreu às 7h do dia 21, na véspera da morte de Patrícia. Neste horário, Baptista estaria fazendo a troca do plantão. Ele trabalhava para uma empresa terceirizada que prestava serviços ao Samu da Capital e de Canoas.
O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) abriu sindicância para investigar a atuação tanto de Baptista, quanto do médico que assinou o atestado de óbito. O documento apontou morte natural por infarto agudo do miocárdio.
De acordo com o presidente do Cremers, Eduardo Neubarth Trindade, o conselho solicitou informações à Polícia Civil e ao Samu. O procedimento deve ser concluído em 90 dias.
— No âmbito profissional e ético, André pode ser interditado e ter o registro médico cassado — informou Trindade.
Baptista e Patrícia estavam juntos há cerca de quatro anos. O casal tem um filho de dois anos. A Justiça concedeu a guarda provisória do menino para a irmã da vítima, Priscila Rosa.
Relembre o caso
Patrícia Rosa dos Santos morreu no dia 22 de outubro. A polícia investiga o caso como assassinato e tem Baptista como principal suspeito. O homem, que está preso desde o dia 29 de outubro, é médico e atuava no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Baptista teria colocado remédio em sorvete para fazer a vítima dormir, administrou medicação para que a esposa não sentisse dor e injetou relaxante muscular para matá-la, de acordo com a investigação.
Em coletiva de imprensa, Reguse disse que Baptista teria utilizado o um medicamento indutor de sono, para fazer a vítima dormir. Na sequência teria aplicado dois remédios injetáveis: um sedativo e um relaxante muscular, que teriam provocado uma parada cardiorrespiratória na vítima. Patrícia, que era enfermeira, foi encontrada morta no apartamento dela, no bairro Igara, em Canoas.
Contraponto
O advogado de André Lorscheitter Baptista disse não ter ciência da operação e apreensão. Anteriormente, Luiz Felipe Magalhães havia emitido uma nota:
"Em atenção à imprensa e à sociedade, e considerando a veiculação de notícias imprecisas e especulações sobre a morte de Patrícia Rosa dos Santos, Andre Lorscheitter Baptista, por meio de sua defesa técnica, representada pelo advogado Luiz Felipe Mallmann de Magalhães, declara ser absolutamente inocente de todas as graves imputações que estão sendo feitas. Além disso, assegura que o que ocorreu com Patrícia Rosa dos Santos foi uma tragédia, mas jamais um crime de homicídio.
Percebe-se que houve precipitação nas declarações veiculadas pelos órgãos competentes, visto que os fatos relacionados à morte da senhora Patrícia Rosa dos Santos ainda não foram devidamente esclarecidos. Qualquer especulação que presuma a culpabilidade do investigado, sem as provas necessárias, viola o princípio constitucional da presunção de inocência, além de acarretar sérios prejuízos à imagem do investigado e de sua família, que jamais poderão ser revertidos.
Esses são os esclarecimentos que a defesa técnica de Andre Lorscheitter Baptista considera necessários no momento."