Após a denúncia do Ministério Público (MP) ser aceita pela 1ª Vara Criminal de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, Emerson Eduardo dos Santos da Silva, 27 anos, se tornou réu por homicídio duplamente qualificado pela morte de um instrutor de autoescola.
O crime aconteceu no dia 29 de agosto, quando o acusado atirou em Rostem Luiz dos Santos Fagundes, 52 anos, que dava aula prática de direção quando foi baleado. Emerson foi preso cinco dias após o crime e permanece em reclusão.
O promotor Gustavo Burgos de Oliveira pede duas qualificadoras para o homicídio: recurso que dificultou a defesa da vítima, que teria sido pega de surpresa, e motivo torpe, pois o crime teria sido cometido por ciúmes, “em razão de sua companheira (do acusado) ter se relacionado com a vítima”, conforme consta na denúncia.
Além disso, o promotor afirma que o assassinato foi cometido após dissimulação. Isso porque o acusado teria usado o celular da mulher para se passar por ela e falar com vítima, a fim de descobrir onde o instrutor estaria na hora do crime.
O acusado e a companheira conheceram Rostem após terem tido aulas de direção com o instrutor.
Os representantes legais do réu negam que o motivo tenha sido ciúmes, mas afirmam que o homicídio aconteceu após o acusado descobrir que sua mulher teria sofrido assédio e ameaça supostamente cometidos pelo instrutor.
Os advogados da família de Rostem dizem que a alegação é "falsa e absurda".
Versão da defesa
A defesa do preso afirma que naquela quinta-feira Emerson acessou o celular da esposa, onde teria descoberto que Rostem estaria a constrangendo e “forçando um relacionamento”. Segundo o advogado Vinicius Rolim, que representa o réu, o estopim para o crime foram supostas ameaças feitas pela vítima à esposa de Emerson.
— A esposa do réu, pela versão dela, foi insistentemente assediada e coagida a ficar com a vítima e abandonar o seu casamento — sustenta o advogado, que diz ter provas das afirmações em aplicativos de telefone.
Vinicius Rolim afirma que a mulher teria se envolvido com Rostem uma única vez, em um período em que estaria separada do marido. Após resolver o conflito com o companheiro, teria deixado de lado o caso com o instrutor. O advogado diz que Rostem, por sua vez, não queria encerrar o envolvimento e, por isso, teria supostamente assediado a mulher.
A defesa alega que, ao descobrir a suposta importunação, Emerson foi atrás de Rostem para cobrá-lo. No local, uma discussão calorosa teria culminado nos tiros.
— Foi passional. Pela emoção e pela discussão com a vítima — diz Rolim, que ainda afirma que o crime não foi cometido como vingança.
O que diz a família da vítima
Rostem era casado e tinha duas filhas. A família preferiu não dar entrevistas, mas os advogados Roberto Weiss Kist e Diogo Bohm, que representam a viúva, afirmam que o caso é um crime “cruel e injustificável”.
Em nota, a equipe diz que as acusações de assédio por parte de Rostem são “uma série de inverdades acerca da vítima com o claro intuito de manchar sua imagem perante a sociedade” (leia nota na íntegra abaixo).
Os advogados afirmam que "tomarão todas as medidas jurídicas cabíveis contra aqueles que estão difundindo falsas informações a respeito de Rostem".
Fase de instrução
Conforme a juíza da 1ª Vara Criminal, Márcia Inês Doebber Wrasse, a denúncia do MP não cita assédios atribuídos à vítima. Segundo a magistrada, a audiência de instrução está marcada para o início do próximo mês, quando nove testemunhas serão ouvidas.
— Os detalhes serão bem esclarecidos agora durante a fase da instrução — falou a juíza.
Nota da família de Rostem
“Roberto Weiss Kist e Diogo Bohm, advogados do escritório AKBK Advogados, que atualmente representam a família de Rostem, informam que já protocolaram, nos autos do processo, um pedido de habilitação como assistentes de acusação e aguardam a manifestação do Ministério Público e do Juízo sobre o referido pedido.
Os procuradores acompanharam de perto o trabalho da Polícia Civil durante o inquérito e afirmam com convicção que o caso em questão trata-se de um crime cruel e injustificável.
Ademais, eles ressaltam que a defesa do acusado, Emerson, tem propagado uma série de inverdades acerca da vítima, Rostem, com o claro intuito de manchar sua imagem perante a sociedade. Entre essas inverdades, destaca-se a absurda alegação de que Rostem assediava suas alunas, uma tentativa covarde de distorcer os fatos e desviar a atenção do crime cometido.
Os advogados da família reforçam sua plena confiança no trabalho da Polícia Civil e do Ministério Público, que têm atuado com excelência na condução do caso. Por fim, asseguram que continuarão acompanhando de perto o desenrolar do processo e que tomarão todas as medidas jurídicas cabíveis contra aqueles que estão difundindo falsas informações a respeito de Rostem.”
* Produção: Camila Mendes