O Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul (CRO-RS) avalia investigar a conduta profissional do dentista de Porto Alegre Dyego Matielo. Ele é suspeito de praticar estelionato, ao utilizar dados de pacientes para aplicar golpes, e já é alvo de um inquérito policial.
O conselho solicitou à Polícia Civil, nesta segunda-feira (26), acesso às investigações. Até o momento, o CRO afirma ter apenas as informações divulgadas pela imprensa. Após analisar os documentos, será avaliada a abertura de um processo ético-disciplinar. Se acatada, a medida poderá levar, no caso mais grave, à cassação de seu registro profissional (veja nota abaixo).
O dentista é um dos principais alvos de um inquérito que apura a atuação de uma facção criminosa que pratica agiotagem.
A polícia aponta que o homem favorecia membros da organização ao utilizar empresas em seu nome para lavar dinheiro do tráfico de drogas e de agiotagem.
O investigado usaria ainda dados de pacientes para abrir contas bancárias e obter empréstimos junto às instituições.
Um ex-paciente afirmou à Zero Hora que Dyego acumulou uma dívida de quase R$ 60 mil utilizando o seu nome. A compra seria referente a equipamentos odontológicos. Outras quatro pessoas com relatos semelhantes já foram identificadas pela Polícia Civil.
Contraponto
Dyego Matielo foi questionado por Zero Hora após ter sido alvo da operação, na última quinta-feira (22). Ele negou os crimes, mas reconheceu já ter pego dinheiro emprestado de um dos agiotas envolvidos na investigação.
O seu advogado, José Henrique Salim Schmidt, afirma que não possui conhecimento sobre o processo do CRO-RS. Sobre o inquérito policial, ele se manifestou por meio de nota:
"Apesar da defesa ainda não ter acesso aos autos, desde já informa estar à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.
Todas as atividades comerciais investigadas são lícitas, o que será comprovado oportunamente."
Veja nota do CRO-RS
O Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul (CRO/RS) teve acesso apenas às informações divulgadas pela imprensa até o momento. Nesta segunda-feira, 26 de agosto, nossa Procuradoria Jurídica formalizou um pedido à Delegacia responsável pelo caso para obter acesso completo ao inquérito policial. Esse acesso permitirá uma análise detalhada das infrações investigadas e sua conformidade com os artigos do Código de Ética Odontológica, para avaliar a viabilidade jurídica da instauração de um Processo ético-disciplinar contra o profissional.
O Processo Ético respeitará os princípios do direito à defesa e ao contraditório, conforme previsto no Código de Ética Odontológica (Resolução CFO 118/2012) e no Código de Processo Ético Odontológico (Resolução CFO 59/2004). As penalidades previstas podem variar desde advertência até a cassação do Registro Profissional.