Sete anos após ingressar na reserva, a sargento Leila Demétrio, 49 anos, decidiu atender ao chamamento da Brigada Militar e voltou à ativa para auxiliar as vítimas da maior enchente da história do Rio Grande do Sul. Ela reitera que nunca deixou de se sentir policial, vocação que a militar aderiu há mais de três décadas.
— Iniciei minha carreira aos 18 anos. Nasci para fazer isso, para mim é uma honra e muito gratificante poder ajudar as pessoas e o Estado com o meu trabalho — sublinha Leila.
Ela é um dos 500 policiais militares da reserva que passaram a reforçar a segurança dos abrigos montados para as vítimas da enchente no mês passado. O reingresso dos agentes que foram para a reserva nos últimos 10 anos foi viabilizado por meio do Programa Mais Efetivo (PME) do governo do Estado. Nas localidades em que os abrigos já foram desmobilizados, os agentes estão atuando nas patrulhas escolares.
No dia 10 de maio, foram abertas 1 mil vagas permitindo que os PMs da reserva retornassem às atividades por período inicial de 90 dias, com possibilidade de prorrogação. Nesse primeiro edital, 300 agentes se apresentaram para reforçar o efetivo nas ruas.
Na busca por mais voluntários, a BM abriu novo edital permanente no dia 13, captando mais 200 policiais. No dia 14, os primeiros agentes começaram a atuar nos abrigos de sete municípios da Região Metropolitana e dos vales do Sinos, Taquari e Rio Pardo. Com os reforços recebidos posteriormente, agentes também foram despachados para atuar no Vale do Caí e Região Central.
Seguindo orientação do Comando da BM , os agentes atuam em duplas. A reportagem esteve em dois abrigos de Porto Alegre que seguem com apoio dos PMs da reserva. Na Paróquia São Martinho, no bairro Cristal, mesmo com a redução no número de abrigados, o tenente Gustavo e o sargento André seguem garantindo a segurança do local.
Já no abrigo especializado em pacientes oncológicos, que fica junto à Igreja São Jorge, no Partenon, o tenente Marco e o sargento Corrêa são os responsáveis por vigiar o portão de entrada. Eles relatam que retomaram as atividades pelo desejo de ajudar as pessoas durante a emergência climática.
Permanência e capacitação
Segundo o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio dos Santos Feoli, existe a possibilidade de aqueles agentes que demonstrarem interesse e bom desempenho permaneçam em atividade. Ele explica que a reconvocação dos policiais da reserva pode ocorrer até a sua reforma, que, para os soldados, ocorre aos 65 anos e para os oficiais, aos 70.
Todos os agentes reintegrados passaram por capacitações que incluíram aulas teóricas sobre temas como violência doméstica conforme a Lei Maria da Penha, saúde mental e Novo Regimento da Brigada Militar. Além disso, os militares também receberam treinamento e fizeram prova de tiro, para se adaptarem ao armamento atual usado pela corporação.
Aqueles que permanecerem atuando serão integrados ao Plano Anual de Educação Contínua da BM, que ocorre todos os anos durante uma semana oferecendo aulas teóricas e práticas aos agentes. O comandante diz que os policiais reintegrados expressaram a ele o quanto estavam orgulhosos por retornar à ativa.
— O tempo de serviço se encerra, mas a Brigada fica tatuada no coração. Em alguns relatos que ouvi, os agentes diziam que, ao ver o quanto a Brigada tem evoluído em treinamentos e equipamentos, ficavam orgulhosos e com vontade de voltar e essa foi a oportunidade que tiveram — ressalta Feoli.
Cidades atendidas
- Porto Alegre
- Novo Hamburgo
- São Leopoldo
- Guaíba
- Lajeado
- Estrela
- Gravataí
- Santa Maria
- Santa Cruz do Sul
- Venâncio Aires
- São Sebastião do Caí
- Montenegro