Cristian dos Santos Ferreira, 39 anos, apontado pela polícia como um dos líderes de uma das maiores facções criminosas do Rio Grande do Sul, foi preso na tarde desta terça-feira (4), na cidade de Catalão, no interior de Goiás.
Conhecido como Nego Cris, o homem é apontado pela Polícia Civil como um dos traficantes mais influentes de um grupo criminoso que atua no bairro Bom Jesus, zona leste da Capital. A facção é considerada pelas autoridades como uma das mais violentas e antigas do Estado.
O homem já havia sido condenado e preso anteriormente, mas estava foragido desde 2022, após romper a tornozeleira eletrônica.
A partir de uma investigação, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul descobriu que Nego Cris estava morando em uma casa de alto padrão no município goiano de Catalão, onde estaria atuando como empresário.
Por meio da Delegacia de Polícia de Capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Decap/Deic), a polícia ouviu moradores e conseguiu localizar a residência e as empresas apontadas como sendo do foragido.
A prisão aconteceu após um período de vigilância no local. Com Nego Cris a polícia encontrou documentos falsos, com um novo nome que ele estaria usando. O procurado foi conduzido para a Delegacia de Polícia da cidade e será transferido posteriormente ao Rio Grande do Sul, em data ainda não definida.
Vida dupla
Segundo o delegado Gabriel Casanova, Nego Cris vivia uma vida dupla: continuaria ocupando uma posição de liderança no grupo criminoso enquanto, usando a identidade falsa, investia no comércio local na cidade goiana. A investigação descobriu que o foragido havia montado uma lavagem automotiva e uma mecânica no município.
Nego Cris teria passado a se relacionar com pessoas da comunidade, frequentando festas e eventos. Segundo a polícia, em algumas destas ocasiões eram feitas publicações em redes sociais.
Histórico
O delegado Casanova diz que Nego Cris seria integrante da facção desde a criação do grupo, e que há anos ele exerceria liderança no bando, atuando na gerência e nas finanças.
O homem cresceu no bairro Bom Jesus. Na adolescência, Cristian já teria sido investigado por roubo. Como adulto, passou a ser investigado e processado por diversos crimes, como nove homicídios, roubos, associação criminosa e receptação.
Ele foi preso em 2012 em um sítio no interior de Taquara, que era utilizado para treinamento de integrantes da facção, conforme investigação da época. No ano de 2014 foi novamente preso, após uma denúncia anônima. Já em 2017, foi condenado a mais de 20 anos de prisão por um dos homicídios pelos quais era investigado.
Em novembro de 2021, foi beneficiado pela prisão domiciliar humanitária, com monitoramento eletrônico. Seis meses depois, houve o rompimento da tornozeleira eletrônica. Desde então o homem estava foragido.
Neste ano foi expedido mais um mandado de prisão contra Cristian, por outro homicídio. Com esta nova condenação e o restante da pena que cumpria antes da fuga, Nego Cris precisará cumprir em regime fechado quase nove anos de pena.
Contraponto
GZH entrou em contato com o advogado que acompanha o preso em Goiás, que afirmou não ter conhecimento sobre o caso. Disse apenas que fez o acompanhamento de Cristian no momento da prisão e pediu para não ter o nome divulgado.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa do preso no Rio Grande do Sul. Advogados criminais que defenderam Cristian anteriormente afirmaram não terem sido acionados para uma nova representação.
* Produção: Camila Mendes