Uma quadrilha suspeita de furtar encomendas dos Correios, no Rio Grande do Sul, pintou uma caminhonete na cor amarela para não chamar a atenção das autoridades, segundo a Polícia Federal (PF). No início do mês, 18 pessoas foram indiciadas pela fraude, que provocou mais de R$ 1 milhão em prejuízos.
Segundo a PF, o grupo desviava aparelhos eletrônicos, como computadores, celulares e notebooks, e até itens como charutos cubanos. Um vídeo obtido pela PF mostra como os investigados agiam.
— Tá tranquilo a caminhonete. Estamos pela cor dela, né. Tá bem de boa mesmo — diz um dos suspeitos.
Entre os 18 indiciados, estão cinco motoristas de empresas terceirizadas dos Correios. Ao todo, nove pessoas foram presas. Todos os investigados respondem por furto qualificado, receptação qualificada, organização criminosa, lavagem de dinheiro, tráfico internacional de drogas e uso clandestino de rádio transceptor.
Em nota, os Correios informaram que, após a identificação de atitudes suspeitas de terceirizadas, acionaram os órgãos de segurança para apurar as possíveis responsabilidades. A empresa ainda disse que está acompanhando o caso para tomar medidas administrativas e que prioriza investimentos em ferramentas para combater esse tipo de ocorrência.
Para quem aguarda uma correspondência, a orientação dos Correios é para que se acompanhe o status das entregas pelo sistema de rastreamento disponível no site ou no aplicativo. Em caso de roubo ou extravio, o cliente deve solicitar apuração, registrando uma reclamação nos canais de atendimento da empresa e seguir com os trâmites para indenização.
Para a PF, o prejuízo aos Correios acaba se estendendo a toda a população.
— Quem paga essa conta? Num primeiro momento, há o ressarcimento dos Correios e, claro, com reflexo ao prejuízo, ao erário da União. Ou seja, todos os cidadãos acabam custeando essa marginalidade — afirma o delegado Marcio Teixeira.
Desvio de produtos
A rota preferida da quadrilha era entre Joinville (SC) e Porto Alegre. O trecho é o principal caminho de compras enviadas ao RS desde o centro do país.
A quadrilha tinha ajuda de motoristas de empresas terceirizadas. Os condutores recebiam dinheiro para facilitar que os criminosos retirassem os produtos desejados e depois colocassem um lacre falso nos caminhões, na tentativa de que o crime não fosse descoberto.
— O motorista, na realidade, é cooptado para facilitar a investida dos criminosos. Ele é cooptado para parar o caminhão no local combinado, para facilitar no sentido de se afastar da carga, deixando que os criminosos atuem no baú para fazer a troca do lacre e a efetiva subtração — diz Teixeira.
A estrutura da quadrilha era dividida em diversas etapas:
- Recrutamento de motoristas
- Falsificação de lacres
- Retirada de encomendas dos caminhões
- Classificação de materiais
- Cálculo do valor para venda
- Anúncio em plataformas digitais e outros meios
- Ocultação de valores
- Destruição de provas
As mercadorias furtadas eram vendidas em sites e nas redes sociais. Assim que suspeitaram da investigação, os criminosos começaram a destruir possíveis provas, segundo a PF.