A defesa de seis dos nove jovens suspeitos de estar envolvidos no compartilhamento de fotos e vídeos de nudez, feitos com Inteligência Artificial, de alunas de uma escola privada de Porto Alegre negou a participação dos estudantes na produção dos conteúdos. Os seis adolescentes são representados pela advogada Luciana Martins. Ela apontou um ex-aluno como autor do material. Todos os envolvidos no caso são adolescentes.
Este ex-aluno pertenceria a um grupo de jogos no qual estão também os seis jovens representados por Luciana.
— Não foi um grupo de jovens (que produziu conteúdo pornográfico). Foi um ex-aluno que produziu e enviou para esse grupo de jovens. Eles fazem parte de um grupo de WhatsApp, é para jogar PlayStation online. Então, esse menino que já não frequenta o colégio mandou para esse grupo essa montagem que ele fez de três ou quatro meninas, no máximo. Não são 15. Ele mandou em visualização única. E o que aconteceu? Como é um grupo de jogo, alguns olharam e apagaram, deletaram, acharam absurdo. Outros nem viram, porque, como é um grupo de jogo, ele está sempre em constante movimentação e as mensagens vão subindo. O que não viu, que é um deles, recebeu no privado a foto e apagou — afirmou a advogada.
Ainda conforme ela, o caso ocorreu em dezembro e veio à tona depois de uma briga entre os estudantes. Um deles tinha as fotos e denunciou o fato para as colegas, que levaram o caso até os pais.
— Esse menino resolveu mostrar para a menina essas fotos, dizendo que eles eram os culpados. Com isso, (a situação) se inflamou. As gurias contaram para os pais, com toda a razão. A coordenação chamou tanto elas quanto os meninos no outro dia de manhã, mas começou uma situação muito caótica dentro do colégio — disse a advogada.
De acordo com a Polícia Civil, ao menos 16 alunas —apontadas como vítimas — já prestaram depoimento. Os celulares de seis dos nove adolescentes envolvidos foram apreendidos. A investigação deve ser concluída dentro de um período de 30 dias. Em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), GZH não divulga o nome da escola.
— Eu me solidarizo com as vítimas. Eu acho que tem que descobrir o culpado, sim, mas não apontar dedo para quem não é, sem ter certeza — reforçou Luciana, que esclarece desconhecer os outros três jovens apontados como suspeitos.
Todos os envolvidos no caso são alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. Segundo a advogada ouvida pela reportagem, ao menos quatro dos adolescentes apontados como suspeitos estão fortemente abalados.
— Eles estão num abalo emocional, mas todos prestaram depoimento. Todos entregaram o celular voluntariamente. Eu estou representando seis, e eles me disseram: "Doutora, a gente não fez nada, a gente recebeu as fotos e apagou, com exceção de um, que mandou (para dois amigos) para dizer: "Olha o que o fulano está fazendo, isso vai dar problema" — disse.
Em outro momento da entrevista, ela ressaltou:
— Não temos controle do que recebemos (em grupos de WhatsApp). Temos controle do que vamos disseminar, do que vamos fazer com aquilo que recebemos. Então, não dá, a situação está muito grave para cima deles, eles estão sofrendo no colégio.
GZH procurou a Polícia Civil para comentar as falas da defesa dos adolescentes. De acordo com o delegado Christian Nedel, do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis, um dos que investiga o caso, a corporação só deve se manifestar na sexta-feira.