
A mãe das quatro crianças mortas em Alvorada, em 2022, Thays da Silva Antunes, disse à Justiça nesta terça-feira (13), durante depoimento no julgamento do caso, que o crime abalou sua saúde física e psicológica. O pai das crianças, David da Silva Lemos, é acusado de cometer os assassinatos.
O Tribunal do Júri, que ocorre na cidade da Região Metropolitana, já teve o depoimento de cinco testemunhas, incluindo o delegado que comandou as apurações no dia do fato, Augusto Zenon de Moura Rocha.
A mãe das crianças finalizou o depoimento, que foi feito sem a presença do acusado, por volta das 16h30min de terça-feira.
No depoimento, a jovem de 28 anos remontou os 11 anos de relacionamento que teve com o réu e o relembrou o dia do crime.
Segundo a fala, ao longo da relação ela passou a ter medo do então companheiro, que demonstrava ser ciumento. Ela ressaltou ainda que havia medida protetiva concedida pela Justiça contra o réu após ter denunciado que foi agredida por ele.
Crime causou abalo
No plenário, Thays disse que no dia do crime os filhos estavam na casa da avó paterna, com o réu. O atraso na entrega das crianças à mãe teria motivado uma discussão entre o casal. Quando chegou na casa da avó paterna, a mãe foi informada sobre o crime.
Eu só queria que os meus filhos saíssem lá de dentro e fossem embora comigo. E não foi isso que aconteceu
MÃE DAS VÍTIMAS
Em depoimento à Justiça nesta terça-feira
Depois que soube sobre os assassinatos e nos meses seguintes, a jovem disse ter sofrido com abalos na saúde física e psicológica, incluindo quadros de insônia.
Conforme o depoimento, a mãe das vítimas teve de passar a fazer uso de medicamentos para conseguir dormir, além disso, afirmou que o impacto da perda dos quatro filhos de uma única vez a fez passar a beber e fumar.

O júri
O julgamento de David da Silva Lemos teve início na manhã desta terça-feira (13) e a previsão é de que dure três dias. Serão ouvidas 11 testemunhas: três de acusação, quatro de defesa, além de outras quatro testemunhas indicadas pelas duas partes. Em seguida, haverá o interrogatório do réu.
David da Silva Lemos está preso desde a época do crime e responde por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, ao utilizar a morte dos filhos como ''instrumento de sofrimento à ex-companheira'', e por meio cruel, ''desferindo nas vítimas múltiplos golpes com arma branca, causando-lhes extenso sofrimento'', além de asfixia, no caso da menina de três anos. A acusação é feita pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS).

Relembre o caso
As vítimas são os irmãos Yasmin, 11 anos, Donavan, oito, Giovanna, seis, e Kimberlly, três. Três crianças foram encontradas com marcas de facadas e uma com sinais de asfixia.
A mãe das vítimas tinha medida protetiva contra o acusado na época do crime, segundo o delegado Edimar Machado.
As crianças foram encontradas mortas na casa onde estavam com o pai em Alvorada por volta das 19h30min de 13 de dezembro de 2022, quando familiares acionaram a polícia. David da Silva Lemos já havia deixado o local, mas foi encontrado no dia seguinte, em um hotel na Capital.
Segundo a polícia, ao ser preso, o homem confessou ter cometido o crime. Disse, ainda, que deu calmante às crianças antes de as matar. No entanto, na delegacia, durante o depoimento e acompanhado de um defensor público, permaneceu em silêncio.
A mãe das crianças e Lemos tiveram relacionamento por 11 anos. Eles haviam se separado havia cerca de três meses na época do crime. O rompimento foi motivado por uma agressão. Ela registrou um boletim de ocorrência e conseguiu medida protetiva contra o homem.
Contraponto
Os advogados Thais Constantin, Deise Dutra e Marçal Carvalho, que representam Lemos, informaram que irão se manifestar somente no plenário do Tribunal do Júri.