Rogério Mendonça e Deibson Nascimento, os dois presos que fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, usaram barras de ferro (vergalhões) que tiraram da parede das celas para aumentar o buraco que usaram para escapar, segundo informações apuradas pelo G1. As celas estavam sem manutenção há anos e tinham paredes fragilizadas pela umidade. Os fugitivos amarraram seus uniformes nas barras para que fizessem menos barulho ao abrir a fenda. Os dois fugiram da penitenciária na Quarta-Feira de Cinzas (14).
Os dois fugitivos estavam em Regime Disciplinar Diferenciado (RRD) e não podiam sair nem para o banho de sol, que era feito em solário individual dentro de suas celas. Para escapar, eles usaram as barras de ferro para perfurar uma esquadria onde havia uma luminária e, assim, acessaram uma haste que conectava as celas, onde há uma escada metálica por onde é possível acessar a laje do presídio, com um teto de telhas de fibrocimento, que puderam ser afastadas. Então, Mendonça e Nascimento chegaram à cobertura do edifício e supostamente usaram um poste para descer até o solo. Havia uma câmera de segurança no trajeto que eles fizeram, mas ela não estava funcionando.
Quem são os fugitivos de Mossoró
Rogério da Silva Mendonça, 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, 33, acumulam mais de 80 processos judiciais no Tribunal de Justiça do Acre, o Estado de onde foram transferidos para o Rio Grande do Norte, e totalizam 155 anos em sentenças condenatórias, conforme informações do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC).
De acordo com o Ministério da Justiça, os fugitivos têm vínculos com o Comando Vermelho, uma facção associada a Fernandinho Beira-Mar, que também está detido na mesma unidade federal em Mossoró.
Em 27 de setembro do ano passado, a dupla foi encaminhada para o presídio federal de Mossoró após sua participação em uma rebelião no presídio de segurança máxima Antônio Amaro, em Rio Branco (AC). Essa insurgência culminou na morte de cinco detentos, sendo três deles decapitados.
Rogério da Silva Mendonça enfrenta mais de 50 processos, incluindo acusações de homicídio e roubo. Sua sentença totaliza 74 anos de prisão, considerando a soma das penas.
Deibson Cabral Nascimento é associado a mais de 30 processos, enfrentando acusações de organização criminosa, tráfico de drogas e roubo. Sua sentença totaliza 81 anos de prisão em condenações.
Antes de serem transferidos para o presídio de Mossoró, ambos os presos também estiveram na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, e no sistema prisional do Acre.
A penitenciária federal de Mossoró está passando por uma reforma, e a Secretaria Nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça (Senappen) suspeita que essas obras possam ter facilitado a fuga dos dois detentos.