A Polícia Civil trabalha para identificar um homem que se passa por médico para tentar obter dinheiro das famílias de pacientes internados no Hospital Sagrada Família, em São Sebastião do Caí, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
A direção do hospital confirma que se trata de um golpe e afirma que não houve vazamento de dados das pessoas hospitalizadas. A RBS TV apurou que o homem entrou em contato com pelo menos quatro pacientes.
Em todos os casos, por telefone, ele se apresenta ao familiar como médico da instituição, passa dados pessoais do paciente e sinaliza que são necessários exames que via Sistema Único de Saúde (SUS) são demorados, mas que, de forma particular, é mais rápido — mas é necessário pagar.
Uma pessoa que está com o tio da esposa hospitalizado, e que preferiu não se identificar, foi uma das que foram contatadas pelo golpista.
— Me ligou se passando pelo médico que estava atendendo ele e deu toda a informação, tinha meu número, nome da minha esposa, o quarto que ele estava baixado e aí pediu para fazer um exame. Precisava fazer mais um exame de rotina porque ele estava com início de hemorragia no fígado e no pâncreas — lembra.
Em um áudio gravado pelo golpista e enviado para um parente de outra paciente, ele conta que precisa fazer um exame de imagem para ter um diagnóstico melhor, mas avisa que, pelo SUS, a demora é grande, razão pela qual sugere que o procedimento seja bancado pela família de forma particular.
— Pelo SUS, infelizmente, tem uma fila de espera. Não é hoje e não é amanhã que a gente consegue realizar esse procedimento. Por isso que eu estou entrando em contato, para saber se o senhor ou demais familiares têm condições da gente dar entrada e realizar esse procedimento agora por uma clínica particular — diz o estelionatário.
Uma das pessoas que o golpista tentou contato disse que desconfiou do que estava acontecendo quando percebeu que os dados da conta para transferência do dinheiro eram pessoais. Ele pedia R$ 1,65 mil.
— Na hora, eu achei que era verdade porque ele falou que precisava fazer particular, que pelo SUS ia demorar muito. E como o tio já estava bem ruim, ah, vamos fazer o pagamento, né? Vamos fazer. Eu pensei em ir ao hospital primeiro, ver lá como ia funcionar isso. Eu comecei a desconfiar quando ele me mandou o Whats com as informações, mandou Pix, tudo estava em CPF. Ali, eu desconfiei. Mas como uma empresa que faz exames vai tá em CPF, né? Fui atrás e vi que era golpe — contou uma das vítimas.
Como se proteger dos golpes
A delegada Cleusa Spinato, responsável pela investigação do caso, orienta a população sobre como se proteger de golpes como esse.
— Primeira coisa a ser considerada: hospital que atende SUS não cobra nada por fora, mas na dúvida, faça contato com o estabelecimento e não faça nenhum pagamento. Ou faça contato direto com a delegacia porque aí a pessoa vai ter certeza que é um golpe e não vai ter nenhum prejuízo — diz.