A Polícia Civil concluiu nesta semana o inquérito sobre a morte de dois homens que seriam "soldados" de uma facção, indiciando oito pessoas por tortura e homicídio qualificado ocorridos em 19 de junho, em Porto Alegre. Lucas Mello Guterres Francisco, 21 anos, e de Douglas Santos da Silva, 27, foram mortos com golpes de machado em uma residência na Vila Jardim, em execução relacionada a disputas de facções. O duplo homicídio foi transmitido ao vivo para o pai de uma das vítimas como ato de demonstração de poder. Conforme o responsável pelas investigações, delegado Eric Dutra, o inquérito foi dividido em duas etapas. Na primeira, ocorreu o indiciamento de uma mulher, que teria atraído Lucas e Douglas para a residência, e de cinco homens que teriam participado da sessão de tortura e da execução. Na segunda etapa, mais dois homens envolvidos no crime foram indiciados. O inquérito completo foi remetido ao Poder Judiciário.
— Foi um crime praticado com a violência característica da guerra entre facções. A mulher atraiu as vítimas sob o pretexto de que fariam uma "festinha". Já no local, eles foram surpreendidos com a chegada de homens vestidos com fardas semelhantes às da Brigada Militar. Foram submetidos a tortura e assassinados a machadadas. Todos os participantes estão indiciados — comenta Dutra.
O delegado destaca a perversidade praticada na execução. Além da arma usada ter sido um machado, com golpes sendo desferidos na cabeça e no rosto das vítimas, os assassinos foram instruídos a fazer uma ligação por vídeo ao pai de um dos rivais executados. Conforme a polícia, o pai também é investigado por suspeita de integrar facção.
— Foi uma afronta aos rivais nesta disputa violenta entre criminosos. Uma demonstração de poder e da capacidade de atingir o inimigo — descreve o delegado.
Segundo Dutra, a identificação dos autores do crime ocorreu após diligências que resultaram na apreensão de celulares, nos quais os executores gravaram imagens deles mesmos na cena do crime.