Uma ex-estagiária do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul foi presa na manhã desta terça-feira (14) em uma operação da Polícia Civil que investiga uma facção criminosa ligada ao tráfico de drogas, com atuação em um condomínio na região central de Porto Alegre. Ela é suspeita de cobrar para realizar consultas processuais e beneficiar criminosos. Além dela, outras seis pessoas foram presas até o momento.
Segunda a Polícia Civil, a mulher, de 26 anos, foi apresentada aos traficantes por uma outra pessoa, e passou a cobrar um valor de R$ 200 por consulta aos membros da facção. Ainda não se sabe quantas vezes ela acessou o sistema a serviço dos investigados.
— Ela procurava por prisões cautelares no mais absoluto sigilo. Se houvesse um pedido de prisão para determinado membro da facção, ela tinha acesso e podia frustrar uma operação policial ou mesmo algum processo que já tivesse sido iniciado — afirma a delegada Laura Lopes, da 19ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre.
Assim que a polícia descobriu o esquema, acionou o TJ, que a tirou do cargo.
Os investigados são apontados como chefes do tráfico no condomínio Princesa Isabel, no bairro Azenha. São cumpridos sete mandados de prisão preventiva por tráfico de drogas além de nove mandados de busca e apreensão. Além do Princesa Isabel, policiais executaram ordens judiciais na Região Metropolitana.
A ação se estendeu também para fora do Rio Grande do Sul: um gerente de tráfico foi detido no aeroporto de Viracopos, em Campinas, quando estava prestes a embarcar para Paris. Outra ordem está sendo cumprida no Rio de Janeiro.
Investigação no TJ
O vazamento de informações sobre mandados e operações é investigado pelo Ministério Público. Segundo apuração do Grupo de Investigação (GDI) da RBS, 14 estagiários chegaram a ser afastados, por suspeita de informarem investigados sobre ações planejadas pela polícia.
Contraponto
Procurado, o TJ se manifestou pro meio de nota. Leia:
"O Tribunal de Justiça do RS não se manifestará a respeito da prisão. No entanto, salientamos que o Judiciário tem colaborado com as investigações. Demais informações a respeito do caso devem ser direcionadas à polícia, responsável pela apuração do caso".