A apreensão de 125 armas na casa de um homem com registro de Caçador, Atirador Desportivo e Colecionador (CAC), em Porto Alegre, nesta terça-feira, não encerrou a ação que envolveu Polícia Civil e Exército pela manhã para cumprimento da medida judicial. À tarde, durante a continuidade da averiguação pelas autoridades, a residência e seu entorno precisaram ser isolados porque policiais encontraram 153 quilos de pólvora na casa.
O Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Brigada Militar (BM) e o Corpo de Bombeiros foram acionados e deslocados ao endereço no bairro Santo Antônio para a desativação do explosivo e o recolhimento dos resíduos para precaução contra acidentes. O local foi liberado por volta das 17h30min.
Conforme o comandante do Bope, tenente-coronel Felipe Santos Rocha, tratava-se de um grande volume de pólvora, que seria utilizada na composição de munições, mas que poderia causar graves consequências.
— Embora seja um material de baixa capacidade explosiva, haveria um grande risco se os 153 quilos fossem acionados de uma só vez. Causaria uma grande explosão, comprometendo a estrutura daquele imóvel, talvez de outros. Provocaria incêndio e ocasionaria risco de morte para quem estivesse próximo da explosão — descreve o comandante do Bope.
Santos Rocha explica que o material foi neutralizado por meio de interação química com outros elementos.
— Nossa equipe inutilizou e providenciou a remoção dos resíduos. Não há mais risco relacionado com este material. A legalidade da posse e da estocagem será averiguada pela Polícia Civil, que é a responsável pelos desdobramentos da operação — indica o oficial da BM.
A Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-RS) informou que também havia 32 máquinas para recarga de cartuchos e projéteis, que também foram recolhidas pelas autoridades.
O investigado, em seu depoimento, não ofereceu explicações sobre como um dos 56 fuzis e carabinas registrados em seu nome foi parar nas mãos de criminosos, alvos de operação contra homicídios, deflagrada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em 28 de outubro e que deu origem à ação desta terça.
— É a maior apreensão de armamento realizada no Rio Grande do Sul este ano. Trata-se de um conjunto de armas de alto poder de letalidade. São 55 fuzis, 12 espingardas e 58 revólveres e pistolas. Algumas delas são aparato de combate militar e operacional das forças de segurança — comenta o chefe de Polícia do Estado, delegado Fernando Sodré.
Sodré afirma que a Polícia Civil não está satisfeita apenas com a apreensão e cobra explicações do proprietário das armas.
— Não existe registro de que o fuzil localizado com traficantes tenha sido furtado ou roubado. Até o momento não houve esta explicação. Não estamos descartando hipóteses. Porém, estamos diante de indicativos fortíssimos de irregularidade relacionada a este fato — aponta.
O chefe de Polícia determinou que a fiança, para soltura do investigado, seja estipulada em R$ 20 mil. Até o fechamento desta reportagem, não havia a informação de que a fiança tenha sido paga. O flagrante decorrente da prisão na operação foi lavrado no DHPP. O proprietário das armas optou por silenciar na tentativa de tomada de depoimento.