Uma operação da Polícia Civil contra um grupo que falsificava assinaturas de delegados e mandados judiciais resultou em duas prisões e na apreensão de mais de 10 armas, incluindo três fuzis, na região metropolitana de Porto Alegre. Os criminosos também tinham envolvimento em um esquema de comércio ilegal de armas de fogo e tráfico de drogas, segundo a investigação. O trabalho ocorreu entre a madrugada e a manhã desta terça-feira (21) e foi realizado pela 3ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico (3ª DIN), do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc).
A ação contou com o apoio de cerca de 50 policiais civis e ocorreu em Porto Alegre, Taquara e Gravataí. Duas pessoas foram presas e sete mandados de busca e apreensão em residências foram cumpridos.
Um dos detidos é uma mulher de 49 anos, presa preventivamente. Conforme a polícia, ela tinha como atuação principal no esquema a venda de armas e drogas. A mulher é esposa de um preso, apontado como líder do grupo. Esse homem era responsável por negociar a venda de armas de fogo e definir qual integrante do grupo, dos que estão em liberdade, faria as entregas e o recolhimento de valores pelo comércio ilegal.
Também foi preso um homem de 33 anos, em flagrante. Na casa dele, um dos locais onde foi cumprido mandado de busca, foram apreendidas 13 armas. Entre elas, havia três fuzis — sendo um AK-47 e um da marca Colt de edição limitada — e três metralhadoras que foram furtadas de uma loja de armamentos. Uma espingarda e seis pistolas também foram apreendidas.
As equipes também localizaram dezenas de carregadores e centenas de munições de todos os calibres, inclusive de rifle e fuzil .762 e .556, segundo o Denarc.
Falsificação de assinaturas
Além do tráfico de armas e drogas, o grupo criminoso também praticava agiotagem a "juros altíssimos", segundo a polícia. Depois de contraírem dívidas, as pessoas passavam a ser ameaçadas e a sofrer extorsão.
Para fazer pressão, os criminosos ainda falsificavam mandados de prisão e assinaturas de delegados de polícia, e usavam esses documentos falsos como forma de intimidar os devedores.
Investigação mostrou envolvimento de detento
A investigação começou há cerca de seis meses. Segundo o delegado Gabriel Borges, titular da 3ª DIN, o trabalho iniciou após uma prisão em flagrante, realizada no início do ano, em que uma mulher foi detida vendendo ilegalmente armas de fogo, no município de Gravataí.
Segundo as equipes, a apuração constatou um alto fluxo de venda de armas de fogo, com comércio até de armamentos de guerra. Além disso, o grupo também tinha envolvimento com tráfico de entorpecentes em Porto Alegre, na Região Metropolitana e no Litoral Norte.
Ao investigar o esquema, a polícia afirma que identificou que um detento do sistema carcerário coordenava as ações, e que a companheira dele dava suporte aos atos.
— A operação é fruto de um trabalho específico do Denarc que busca desarticular a venda ilegal de armas de fogo, uma vez que esses armamentos de guerra são utilizados na prática de crimes patrimoniais, além de em guerras entre facções — pontua o delegado Gabriel Borges.
A ação integra a estratégia da Polícia Civil de descapitalizar o crime organizado — ao enfraquecer os grupos tirando equipamentos de valor e dinheiro deles — e responsabilizar criminalmente as pessoas tidas como grandes lideranças.
Após a ação desta terça, a investigação segue em andamento, para verificar desdobramentos da ação do grupo criminoso e mais pessoas que podem ter envolvimento no esquema.
Denuncie
Quem tiver informações sobre crimes, pode repassar ao Disque-Denúncia do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico, pelo telefone 08000-518-518. O sigilo é garantido pelas equipes.