Mais um integrante de facção criminosa gaúcha que estava foragido é recapturado fora do Estado. Desta vez, integrantes da 2ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) e da Polícia Civil cearense localizaram, na semana passada, em Fortaleza, um suspeito de ser um dos líderes da organização criminosa que tem base no Vale do Sinos.
Com 34 anos de condenação e com mandado de prisão desde julho de 2021 pela Vara de Execuções Criminais de Novo Hamburgo, o criminoso vivia em bairro nobre da capital cearense. A prisão ocorreu em um shopping center da cidade. Ele estava indo pegar seu carro no estacionamento do local quando foi abordado pelos agentes.
O titular da 2ª Delegacia, delegado Rafael Liedtke, e o diretor do Denarc, delegado Carlos Wendt, foram pessoalmente ao Ceará no domingo (3) para buscar o preso. Ele foi conduzido de avião até Porto Alegre no final da noite de segunda-feira (4) e chegou no início da madrugada desta terça-feira (5) ao Estado. A ação foi mantida em sigilo para evitar qualquer possibilidade de resgate.
A Polícia Civil gaúcha não divulgou o nome do investigado, apenas que ele foi um dos alvos da Operação Irmandade, em 2021, do próprio Denarc. Na ocasião, a ação ocorreu em sete Estados após a polícia comprovar que a maior facção que atua no país e que foi criada dentro dos presídios de São Paulo estava operando em solo gaúcho.
As investigações comprovaram lavagem de dinheiro com venda de drogas que movimentava, por mês, R$ 12 milhões. Além disso há indícios de que a organização criminosa estaria tentando se instalar definitivamente no Rio Grande do Sul. Cerca de 330 agentes cumpriram 72 mandados de busca e cinco de prisão preventiva. Um deles seria do investigado — preso em Fortaleza — que não havia sido localizado em 2021.
GZH apurou que o preso é Éder Tomazzini Miranda, 37 anos, conhecido como Panga. Ele tem passagens pela polícia por organização criminosa, lavagem de dinheiro, tentativa de homicídio, latrocínio, duas vezes por tráfico de drogas, roubo a estabelecimento comercial, roubo de carga, roubo de veículo, roubo à residência, estelionato, falsificação de documento público, porte ilegal de arma de fogo, adulteração de sinal identificador de veículo, associação criminosa, uso de documento falso, receptação de carro roubado e lesão corporal.
— O criminoso gaúcho é considerado de alta periculosidade, é líder de facção com forte atuação no tráfico de drogas, em especial a cocaína, aqui no Estado, sendo apontado, em 2021, por exemplo, como responsável pela logística e transporte de cocaína para todo o Sul do Brasil a mando de outro foragido que também é líder da mesma facção do Vale do Sinos — ressalta Liedtke.
A investigação também aponta que Miranda teria a função de adquirir, administrar e ocultar imóveis e veículos adquiridos pela organização criminosa. O foragido foi um dos 39 indiciados na Operação Irmandade, há dois anos.
Contraponto
O que diz a defesa de Éder Tomazzini Miranda
O procurador de Eder Tomazzini Miranda reforça que os fatos trazidos acerca da Operação Irmandade não são contemporâneos, sendo datados do ano de 2019. Em que pese a prisão tenha sido decretada em 2021, a denúncia respectiva foi ofertada somente em março de 2023 — mais de dois anos após a deflagração da operação.
Em relação ao processo de execução criminal, a defesa confirma a existência de pena ativa, e informa que as circunstâncias relativas à não apresentação do apenado ao regime semiaberto no ano de 2021, serão oportunamente fornecidas dentro do respectivo procedimento de apuração da falta disciplinar
José Gabriel Lagranha